O Relacional:
Relações e Relacionamentos - ISSN 2176-8005
Diante do que adotamos como “pós-modernidade” e de seu problema
crônico do laço social, o primeiro artigo,
O precursor do espelho é o rosto da mãe, trata de nossas
primeiras relações, das tenras idades e que marcam todas as outras fases do
desenvolvimento psicossocial; o segundo artigo Ausência paterna e
Pós-Modernidade, aborda a
questão desse papel fragilizado atualmente e de sua relação com criança; o terceiro
artigo, A Família e a conjugalidade sob júdice; aborda o abalo nos
relacionamentos familiares a partir do rompimento da conjugalidade e pelejas
judiciais; o quarto artigo Terceira idade: cuidando deles agora e de nós no
futuro, discute e questiona o modo que a
sociedade atual se relaciona com aqueles sujeitos que os trouxe até aqui, as
pessoas idosas; o quinto artigo Em briga de marido e mulher, a Psicologia
“mete a colher”, busca um reflexão sobre as relações de gênero, em
especial, marcadas por violência contra mulher; o sexto artigo, O
império de automóvel, trata do processo subjetivacional envolvido na
relação sociedade-máquina em torno do automóvel; o sétimo artigo, Em um relacionamento sério com a rede social, aborda o tema dos
relacionamentos e afetos na era das redes sociais, “linkando” amor e ciúmes; o oitavo artigo, Samba
de uma nota só provoca a pensarmos em novas relações com a
homoafetividade numa cultura predominantemente heterosexista; o nono artigo, Sobre o amor como forma de dominação, desafia-nos
a pensar a relação amorosa e educativa entre pais e filhos como também da ordem
da opressão.
Com essa edição comemorativa de 3 anos do Cenas,
reafirmamos que a Psicologia como uma ciência humana e social, em especial, um
saber do relacional, seja estudando e intervindo nas relações humanas, seja se
constituindo a partir das próprias interações com outros discursos.
Boa leitura e boas cenas!
Prof Ms Cleber Lizardo de Assis, Editor.
Prof Ms Cleber Lizardo de Assis, Editor.
ARTIGOS:
O precursor
do espelho é o rosto da mãe, Analine Ferreira do Amaral
Ausência
paterna e Pós-Modernidade, Edilsa
Regina de Carvalho
A Família e a conjugalidade sob júdice, Wilson Plaster
Terceira
idade: cuidando deles agora e de nós no futuro, Milca Bragança
de Carvalho e Sufia Ângela Siqueira Tomaz Nascimento
Em
briga de marido e mulher, a Psicologia ‘mete a colher’, Vanessa
Olvieira Gaia, Gleiciane Benfica Fernandes e Cleber Lizardo de Assis
O
império do automóvel, Leonardo
Cappi Manzini
Em um relacionamento sério com a rede social, Debora Fabiano
Samba
de uma nota só, Marcelo
Borges
Sobre
o amor como forma de dominação, Fabio Belo
EXTENSÃO
em [Cena]: Projeto
de Extensão “Mulher Viva” em Simpósio sobre a “Lei Maria da Penha”
Analine Ferreira do Amaral*
Bom x Mau
Sabe aqueles
almoços de domingo, que junta toda a família, onde sempre pegam um pra “cristo”
para julgar e aconselhar? Então, foi em um desses almoços que eu tiro a minha cena.
Nessas férias de julho de 2012,
em um almoço de família,observei um grupo de mulheres sentadas, no qual estava
uma prima com seu filho de 4 meses. Aproximei-me para ver o que tanto falavam.
Naquele “blablabla” todo, pude notar
que enquanto conversavam, minha prima tentava amamentar o seu filho, o qual se
recusa a aceitar aquele seio. No meio do “vucovuco”
uma daquelas mulheres, que se dizia experiente por ter amamentado dois filhos,
argumentou que o seio de minha prima era mau, não era um seio bom.
Um seio bom? O que seria um seio
bom? Ao me deparar com essa frase, recordei-me do meu 2º ano de faculdade, das
aulas em que meu professor explicava as teorias de Melanie Klein.
A
realidade, nua e crua
No dia a dia, observamos várias
cenas comuns de mães amamentando seus filhos. A mãe que vai ao supermercado
fazer compras e que, enquanto escolhe o arroz, coloca a criança no peito e, sem
nenhum contato, um olhar, a criança começa a chorar e a mãe acha que é fome ou
cólica, quando ela “grita” por atenção, por um gesto de carinho, de afeto.
Quando essa mesma mãe chega em
casa com a criança “esgoelada”, vem aquela vó, toda carinhosa, e pega aquele
bebê no colo e “do nada”, ela para de chorar. A mãe olha e fala que a vó faz
milagre e que tem um “colo santo”. Colo santo? Que nada! Aquela vó que acaba de
segurar a criança fez um contato com ela, com um simples olhar e a criança se
sentiu protegida, acolhida.
A mãe suficientemente boa
Ao amamentar a criança, é de
suma importância ter um contato direto da mãe com o bebe. Um carinho e um olhar
fazem toda a diferença. Segundo Scortegagna[1], para Winnicott
“o primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe. A sua
expressão, o seu olhar, a sua voz [...] E como se o bebe pensasse: Olho e sou
visto, logo existo!”.
Amamentar
não é uma simples questão de satisfação e nutrição orgânica. Ao amamentar, além
de satisfazer a fome, a mãe trata com a angústia do bebê, pois é uma das formas
de cuidado com o recém-nascido que mais se aproxima da continuidade da vida
intra-uterina.
De
acordo com Chamond[2],
Winnicott faz referência à mãe suficientemente boa como uma mãe comum,
dedicada, mas não perfeita, que no inicio da vida do bebê está intimamente
ligada ao bebê devido à sua “preocupação materna primária”.
Segundo
Pereira de Oliveira[3], Melanie
Klein em uma de suas teorias, fala que os bebês quando nascem, sentem dois
sentimentos básicos: o amor e o ódio, onde a criança ama o seio bom e odeia o
seio mau. “Seio bom, seio mau” é um termo que descreve um objeto parcial
arcaico da fantasia do EU, caracterizado a partir do princípio de prazer, o
qual é decorrente de uma série de processos inconscientes e um indicativo do
desenvolvimento psicossexual. O seio representa o primeiro objeto de desejo.
A
criança tem uma visão de um seio mau e persecutório, pois o mesmo não a
gratifica sempre que ela deseja. Já a imagem de um seio bom, é aquele que
atende todas as necessidades da criança.
Cenas que podem reverter este quadro.
A amamentação estabelece uma
ligação mais intima entre a mãe e o bebê, satisfazendo de modo amplo as
necessidades emocionais de ambos, oferecendo ao bebê uma maior garantia de
equilíbrio interno.
Lembram-se daquela mãe, do
almoço de domingo, cercada de pessoas? Esta mãe, ao amamentar seu filho, deve
entender que este é um momento único, onde se constrói um vínculo entre a mãe e
o bebê.
A mesma deve se atentar que, o
seio bom ou o seio mau, está ligado à forma como ela alimenta e atende as
necessidades do bebê. Não importa apenas dar o seio, o que vale é como o seio é
dado e como as solicitações do bebê são atendidas, ou seja, não se está
incorporando apenas o leite da mãe, mas também sua a voz, os seus embalos e
suas carícias.
* Graduanda do Curso de Psicologia, das Faculdades Integradas de Cacoal -
UNESC/RO
[1]SCORTEGAGNA,
Silvana Alba et al. O processo interativo mãe-bebê pré-termo. Psic [online].
2005, vol.6, n.2, pp. 61-70. ISSN 1676-7314.
[2]CHAMOND, J.
Continuidade do ser e agonia primitiva: o bebê Winnicottiano e a
psicose.Traduzido por Paola Morsello. Winnicott e-prints [online]. 2010,
vol.5, n.1, pp. 1-26. ISSN 1679-432X.
[3] PEREIRA DE
OLIVEIRA, Marcella. Melanie Klein e as fantasias inconscientes. Winnicott e-prints [online]. 2007, vol.2, n.2, pp. 1-19.
ISSN 1679-432X.
AUSÊNCIA
PATERNA E A PÓS-MODERNIDADE
Edilsa Regina de Carvalho *
Encarando a realidade
Em uma
tarde de domingo, enquanto aproveitava a sombra de uma pequena árvore, estava
ali próximo uma garota, e em meio a muitos assuntos ela disse: hoje na escola a
professora falou que vamos fazer uma apresentação para o dia dos pais, e então
o meu colega disse que não iria participar, porque seu pai não estava na
cidade. Ai eu respondi para ele: “e
eu que nem conheço meu pai, e mesmo assim vou participar”.
A importância da figura
paterna
Encarar
as “dificuldades” do dia a dia sem a presença paterna não deve ser tarefa
fácil, pois este é representado como um herói, que tem a função não só de
manter, mas de proteger e ensinar. Bem, foi isto que ouvi de uma professora (em
outra ocasião) na semana do dia dos pais, quando esta disse que as crianças
quando olham para seus pais, os veem como pessoas grandes, fortes, como
verdadeiros heróis. Mas, e quando a criança se quer conheceu o pai? Será que a
mãe substitui essa figura tão importante? Não seria esta também uma heroína?
A
importância conferida ao pai pode igualmente ser confiada à mãe, quando esta
assume o seu papel, isso porque não é a presença que torna alguém importante,
mas a capacidade de desempenhar sua função suprindo as necessidades da criança.
Existem
casos em que a figura paterna é presente, porém sua atuação na educação e no
crescimento da criança é ausente, podendo ocorrer por diversos fatores, entre
eles, o excesso de trabalho ou a busca contínua em cumprir a obrigação a eles
atribuída de mantenedores do lar.
Entretanto,
não quer dizer que por estarem ausentes perdem o significado de ser “pai”,
porém a forma como é construído o vínculo entre pai e filho, podem ser
modificados dependendo do comportamento desse pai.
E quando a figura paterna é de
fato ausente?
Segundo
Ferrari (1999), citado por Eizirik e Bergmann (2004), "a presença de ambos
os pais é que permite à criança viver de forma mais natural os processos de
identificação e diferenciação", acontece que quando um falta, ocorre
sobrecarga no papel do outro, gerando um desequilíbrio que pode causar prejuízo
na personalidade do filho.
Como
podemos observar, a ausência do pai pode provocar perdas no desenvolvimento da
criança. Conforme Ronde et al (1991)
citado por Eizirik e Bergmann (2004), a função paterna é de fundamental
importância para o desenvolvimento do bebê, pois o pai representa um baluarte
para a mãe na interação com o bebê. Afirma ainda que nos primeiros anos de
vida, funciona como um fator de divisão da relação simbiótica mãe-bebê.
A
garota da cena optou por encarar a ausência de seu pai e enfrentar os olhares
de seus colegas que, no lugar do pai, estaria lá sua mãe, que a educa e a
orienta, mas que por particularidades de sua história a privou de conhecer o
pai.
Entretanto,
e o menino? O que o levou a fugir da tarefa de homenagear o pai, mesmo este não
estando presente? Não temos acesso à história de vida do garoto, mas temos
nossa própria história como referencial, a qual nos permite refletir sobre a
influência da presença ou não dos nossos genitores, e qual a consequência dessa
relação em nossa vida adulta.
Cenário familiar pós-moderno
Atualmente nos
deparamos com novos modelos familiares, onde barreiras de preconceito e
discriminação são rompidas a todo o momento. A família convencional constituída
por um casal de sexo oposto e seus respectivos filhos passa a não ser
necessariamente assim representados.
Hoje podemos encontrar com maior naturalidade casais que
tem filhos e a presença paterna não é presente, ou ao contrário a família é
constituída por “dois pais” ou “duas mães”, explorando as inúmeras
possibilidades de se relacionar, melhor dizendo, as possibilidades de amar.
Portanto, a maneira como enxergamos a relação familiar,
dependerá da forma que aprendemos a nos relacionar desde a infância, levando em
consideração as mudanças que ocorrem no universo de cada indivíduo.
É de se ressaltar que segundo Ferrari (1999), citado por
Eizirik e Bergmann (2004) é de fundamental importância a presença de ambos os
pais, porém só poderá haver prejuízos na personalidade da criança se houver uma
sobrecarga no papel de um dos pais.
Com isso, podemos observar que independente da criança
estar sendo criada com seus genitores, ela poderá sofrer conseqüências
prejudiciais se não houver um equilíbrio na divisão de tarefas de seus
educadores, sejam eles os pais biológicos ou não, o que exige equilíbrio e
vivência de papéis por cada membro das novas configurações familiares em que a
criança esteja inserida, seja qual for essa configuração.
___________________________
REFERÊNCIAS
EIZIRIK,
M. e BERGMANN, D. S (2004), Ausência paterna e sua repercussão no
desenvolvimento da criança e do adolescente: um relato de caso. Rev.
psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.26 no.3 Porto Alegre, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-81082004000300010&script=sci_arttext,
acesso em: 11 de ago de 2012.
A Familia e a conjugalidade sob júdice
Wilson Plaster[1]
Diante
de mim aquela menininha, olhos arregalados, ao mesmo tempo em que expressavam
temor e desespero, era possível perceber certa incompreensão quanto a tudo o
que acontecia em sua volta. Sentada no banco, no corredor do Fórum, aguardava
seus pais que se digladiavam na sala de audiência a respeito de sua guarda. Por
não chegarem a um acordo fomos solicitados pela juíza para atendê-los.
Ao levar aquela garotinha para minha
sala, ainda tensa e amedrontada, olhos lacrimejantes, pode tornar-se parte
ativa do processo decisório. Porém, ao mesmo tempo em que a expressão de sua
vontade estava sendo-lhe garantida, havia algo que a incomodava. Disse em
segredo e baixinho, “eu quero morar com minha mãe, mas meu pai disse que se eu
escolher minha mãe, ele não vai mais olhar para mim, não será mais meu pai e
não vai mais querer que eu vá visitá-lo em sua casa, por isso eu não posso
falar com a doutora o que penso na frente deles.” Complementou, “eu quero morar
com minha mãe, mas não quero perder meu pai. Ele não entende que gosto dele e
vou continuar gostando, mesmo querendo morar com minha mãe”.
Por mais estranho que pareça, no
atendimento com o pai, ele confirmou o que a menininha tinha dito: “Eu estou
dando tudo para ela, roupa, calçados, escola particular, mesada, mas se quiser
morar com a mãe, me esqueça, vou apenas pagar a pensão e nem precisa me
visitar”.
Ela
e sua madrasta não se entendiam, havia crises de ciúmes frequentes. Seu pai
estava cego para as sutilezas desses conflitos femininos, por vezes a corrigia,
sem nem mesmo ouvi-la.
Pelo que se percebeu naquele
atendimento com a família, a criança, com apenas 6 anos de idade, estava sendo
submetida a um intenso sofrimento. Ela simplesmente queria o básico e o mais
importante, amar e ser amada por aquele pai, ao mesmo tempo em que amava a sua
mãe, mas os elementos subjetivos que permeavam os conflitos que culminaram na
separação há anos, continuavam fervilhando em seus corações e causando grande
dor ao fruto que sobrara daquela relação, que um dia iniciara por ‘amor’.
A nova
dinâmica das relações afetivas
Neste emaranhado de afetos e
desafetos, onde ficam os filhos, cidadãos de dois mundos que se odeiam, que não
superaram a perda e a frustração de uma separação? Como amar e conviver com meu
pai e minha mãe, se eles não se falam? Não se pode dizer algo de um para o
outro, sem que receba reprimendas, muito menos expressar seu afeto pelo outro,
pois implicaria em desconfiança da fidelidade e cumplicidade para com o de cá.
Na
prática da psicologia jurídica e mesmo na clínica, convivemos com as demandas
de casais em conflitos e processos de separação. Percebe-se que este fenômeno
tem se intensificado nos últimos anos, principalmente a partir das reformas no
Código Civil Brasileiro. Não significa que antes da Reforma do Código Civil as
pessoas eram mais felizes em seu casamento, pois a Lei por si mesma não é capaz
de manter uma relação de conjugalidade saudável, por isso ela vem adequando-se
à nova dinâmica familiar e social, flexibilizando e permitindo a expressão dos
desejos e interesses daqueles que pretendem não manter uma relação que perdeu
seu objetivo e encanto.
Segundo
dados do IBGE levantados no Censo de 2010[2],
verificou-se que o número de divórcios tem aumentado significativamente no
Brasil. Observam-se alguns destaques: os Estados com os maiores índices de
pessoas que já viveram e não vivem mais em união conjugal é Rondônia com 33% e
Mato Grosso com 31% de crescimento, comparado ao Censo anterior.
Nos
últimos anos, as mulheres têm superado os homens nos pedidos de separação não
consensual e com elas também tem ficado a guarda dos filhos na maioria das
vezes, índice acima de 80%. Isto pode ser explicado por Fiorelli e Mangini
(2011)[3] que
destacam o novo lugar da mulher no mercado de trabalho e sua assunção nas
responsabilidades familiares, tanto no aporte emocional quanto material. A
autonomia vivenciada pelas mulheres, por meio do aumento do nível de
escolarização e, consequentemente, assumindo cargos de trabalho com melhor
rentabilidade, lhes oportuniza escolhas em manter ou não uma relação, quando
esta não se apresenta mais satisfatória.
Os
filhos diante do laço partido e dos nós mal resolvidos
Fiorelli
e Mangini (2011), citando Corrêa (1993), destacam a mudança nos objetivos da
nova constituição familiar. Os modelos de conjugalidade e de família estão
sofrendo forte transformação; em épocas passadas tinham como propósito a
manutenção da propriedade e de interesses políticos. A família patriarcal tem
cedido lugar para um novo modelo no qual predominam a satisfação de impulsos
sexuais e afetivos, trazendo em pauta uma nova dimensão subjetiva permeando as
expressões dos sentimentos e desejos mútuos. Diante deste novo modelo, com as
adequações do estatuto legal, quando esta relação de conjugalidade não mais
atende estes objetivos, perde sua razão de existência. Não há, portanto,
impeditivos para o rompimento dos vínculos constituídos e se busque outras
oportunidades.
Se
considerarmos esta nova realidade sob o prisma da qualidade de vida e da
liberdade para se buscar a felicidade, verificamos que o rompimento de uma
relação que perdeu seu encanto é uma alternativa melhor do que viver sofrendo e
se ferindo mutuamente por anos. Portanto, nem sempre o processo de separação é
vivenciado com a mesma perspectiva pelos envolvidos.
A
constituição de um relacionamento é carregada de elementos subjetivos e mitos
na perspectiva de felicidade eterna, complementariedade, compreensão absoluta,
tolerância, segurança afetiva, fidelidade, entre outras; e, quando tais
expectativas são frustradas e se percebe que o outro não é tudo o que foi
sonhado, os elementos subjetivos também permeiam o processo de separação, como
sentimentos de raiva, mágoas, sentimentos de perda, ideações persecutórias,
desconfiança, atitudes de auto-vitimização, desejos de vingança, etc.
As
expressões destes sentimentos são elementos que participam da dinâmica dos
processos jurídicos, principalmente ao se tratarem da guarda dos filhos. Porém
eles não são ‘colocados na mesa’ e nem sempre são verbalizados, mas as atitudes
na disputa demonstram tal contexto. Os filhos podem então ser tomados como
objeto de ‘barganha’, como troféus de quem ganha na disputa, ou como meio de
reparação da perda. Esses comportamentos podem continuar se expressando anos
após a separação, culminando em graves consequências para a educação,
desenvolvimento e formação das crianças, sendo que dentre estes, os mais comuns
são manifestações de comportamentos caracterizados pela Alienação Parental e o
Abandono Afetivo.
Maria
R. F. de Azambuja[4]
traz um dado relevante sobre as conseqüências deste contexto, ao dizer que:
Pesquisas
indicam que 80% dos filhos de pais divorciados ou em processo de separação já
sofreram algum tipo de alienação parental; mais de 25 milhões de crianças
sofrem este tipo de violência; no Brasil, o número de “Órfãos de Pais Vivos” é
proporcionalmente o maior do mundo, fruto de mães, que, pouco a pouco, apagam a
figura do pai da vida e imaginário da criança.
A Alienação Parental já foi
objetivada a Lei 12.318/10 que prevê multas e outras sanções ao genitor que a
pratica contra seus filhos e/ou contra o outro genitor. Em relação ao Abandono
Afetivo, o STJ - Superior Tribunal de Justiça já
tem julgado favorável a indenizações contra pais que deixaram de atender ao que
preconiza o Código Cível quanto à obrigação de cuidar, educar e zelar da prole.
A interferência da Lei e do Judiciário muitas vezes se faz necessário, quando
as pessoas deixam de assumir e zelar pela boa convivência em sociedade. Porém
não se é possível determinar por Lei e Decisão Judicial o vínculo afetivo entre
casais e nem mesmo que um pai ame seu filho. Tal vivência decorre de um aprendizado
sóciopsicocultural. Este aprendizado também se aplica aqueles que, por motivo
ou outro, decidiram pela separação conjugal e agora precisam compartilhar a
educação, cuidado e formação dos filhos em comum, ainda que não estejam mais
vivendo juntos ou compartilhando o mesmo afeto entre si.
Relações
conjugais e pós-conjugais saudáveis
A sociedade está diante de um significativo
desafio: aprender a constituir relações conjugais afetivas e saudáveis, ao
mesmo tempo, aprender a romper essas relações, quando não é possível mantê-las.
Para isto é preciso maturidade, objetivando preservar a dignidade do outro e
dos filhos, além de tudo, reconhecer que há ex-marido e ex-esposa, mas não
ex-pai/mãe, nem mesmo ex-filhos.
Nisto
inclui, não apenas os filhos biológicos advindos daquela relação, mas também os
filhos que já existiam antes e que estabeleceram vínculos afetivos com o
companheiro (a) de seu pai/mãe, que muitas vezes são tratados com carinho no
período de convivência e depois desprezados após a separação.
[1]
Psicólogo
Clínico e Jurídico; Professor de Psicologia; Mestre em Ciências da Saúde/UnB;
Especialista em Saúde Mental/UNIR; Especialista em Administração
Estratégica/ULBRA; Especialista em Neuropsicologia/INAP
[2] Análise do Censo 2010.
http://noticias.r7.com/brasil/noticias/no-brasil-mulheres-pedem-mais-a-separacao-que-homens-20111130.html, publicado em
30.11.2011, acesso em 15.9.2012.
[3] FIORELLI, J. O. &
MANGINI, R. C. R. Psicologia Jurídica, 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2011
[4] AZAMBUJA, Maria R. F.
Síndrome de alienação parental. www.escoladaajuris.com.br/cam/sindromedealienacaoparental. Acessado em 15.9.2012.
Terceira Idade: Cuidando deles agora e de nós no
futuro
Milca Bragança de Carvalho e
Sufia Ângela Siqueira Tomaz Nascimento[1]
A
sensibilidade do idoso
Em um certo dia vivenciei uma cena que me fez refletir: “ estava em casa
cuidando dos afazeres domésticos quando minha sobrinha de 4 anos demonstrou
estar nervosa e fechada a diálogos, nesse
momento minha avó tomando conhecimento
do que estava acontecendo e vendo que me encontrava ocupada, tentou intermediar a situação em relação a
ela. No momento que minha avó encenou iniciar um dialogo, a mesma não deu a
menor importância.
Percebendo que a
minha avó não ia ter êxito naquele momento, pedi para não conversar com ela
enquanto estivesse nervosa. Minha avó disse que não ira falar e já estava
saindo, com um tom de nervosa. Mais tarde minha avó veio falar com meu pai que
eu havia brigado com ela por causa da minha sobrinha. Depois que soube que ela
estava triste comigo, fui até ela e pedi desculpa, falando que não tive a
intenção de magoa- lá, e segundo ela, atualmente esta muito sensível,
dependendo do que falam com ela fica chateada e começa a chorar, demonstrando
assim que devemos ter um cuidado maior com esse público da terceira idade,
respeitando sua subjetividade, sendo que eles necessitam de um cuidado maior em
determinadas situações em detrimento de sua idade.
O idoso isolado e institucionalizado
Certa vez visitei um asilo e percebi o abandono e o
desprezo por aquelas pessoas que trabalharam a vida toda, se dedicaram aos
filhos e quando mais precisam seus familiares fingem que não os conhecem, sendo
como se fosse um alívio para eles deixarem seus pais ou avós sendo cuidados por
pessoas que nunca os tinham vistos.
Devido a fragilidade, o cansaço físico e mental,
esses idosos voltam a ter comportamentos como criança, dependem de cuidados
especiais, pois muitos não conseguem se locomover e fazer suas necessidades
básicas. Eles precisam de muito cuidado e carinho, isso eles recebem não dos
parentes e sim de pessoas estranhas que os visitam.
O Brasil vem aumentando a expectativa
de seu povo: hoje, o número de pessoas de mais de 60 anos é cada vez maior. Por
ser o país mais populoso do continente sul-americano, dentro de pouco mais de
dez anos, nossa população acima de 60 anos deverá ultrapassar os 13 milhões de
habitantes. O país terá uma das maiores populações de idosos do mundo. E já que
os avanços da ciência estão oferecendo maiores expectativas de vida para o ser
humano, nada mais justo do que nos preocuparmos com os idosos de nosso país (COSTA, 1998).
Há dois
fatores que contribuem para o isolamento do idoso: a pressão da sociedade,
desprezando-os devido a incapacidade física e mental, não podendo produzir como
o capitalismo e as novas tecnologias gostariam que produzissem. Outro fator é a
rejeição da família que se cansam da nostalgia das mesmas palavras, de maiores
cuidados, gerando comportamentos agressivos, os maus-tratos, a falta de
respeito e principalmente a falta de carinho com esse idoso, deixando-os a
margem da sociedade (COSTA, 1998).
Hoje,
em alguns momentos ser velho se tornou sinônimo de imprestável, de fraqueza, de doente e estorvo, como sinônimo de degradação
física e psicológica. Mas esse comportamento já é visto desde as raízes
seculares, uma herança cultural negativa que acabamos herdando de nossos
antepassados. Esses conceitos sobre o idoso nos cega e não nos deixa agir como
deveria. Apesar de que em outras culturas e outros momentos o idoso era muito
respeitado, considerado como sábio e procurado para orientar e decidir sobre
determinada situação. (COSTA, 1998)
Entretanto, estes conceitos são
injustos, pois velhice não significa decadência. Salvo situações em que o corpo
sofre limitações por causa de doenças graves, a velhice é uma fase de grande
riqueza e vitalidade do ser humano. É o momento em que o indivíduo olha para
trás e percebe o quanto aprendeu com a vida. Errou e acertou, mas viveu, acima
de tudo. O velho nada mais é que a evolução natural do homem.
Os filósofos pré socráticos já falavam da velhice.
Um deles, Demócritos de Abdera chegou a dizer: “velhice é mutilação total, tudo
tem e de tudo é carente”. Mas essa visão acaba sendo um exagero, pois creio que
eles não têm tudo devido a esse abandono, mas
concordo que são muito carentes e precisam de uma atenção dobrada (COSTA,
1998).
Como diz Leci Brandão em uma música: “a terceira
idade é a felicidade, a terceira idade, é a voz da verdade”; Refletindo sobre
isso percebe-se que o idoso tem um vasto conhecimento em todas as áreas da
vida, pois já teve experiências que as comprovam. Devido a esse fato, podem
sobrepor seus conhecimentos como maiores do que todos os outros, fazendo-as
verdade absoluta.
Cuidando deles e de nós
Cabe à sociedade e principalmente dos parentes
desse público da terceira idade, valorizar e cuidar dessas pessoas tão
especiais. Através dessas atitudes incentivarão uma qualidade de vida e um
bem-estar para que possam viver melhor os seus últimos anos.
Diz
o art. 230 da Constituição Federal que "a família, a sociedade e o Estado
têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à
vida". Já a Lei 8.842, de 04.01.94, regulamentada
pelo Dec. 1.958, de 03.07.96, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso,
tem como objetivos: - assegurar os direitos sociais do idoso; - promover a sua
autonomia, integração e participação efetiva na sociedade (art.1º);
Infelizmente no nosso país, esses direitos aos
idosos não são cumpridos como deveria, devido ao desrespeito, a falta de
consideração com essas pessoas que cuidaram de sua família com todo carinho e
amor; agora não valem mais para esse mundo produtivo e vivem como se fossem
objetos que são carregados de um lado para outro. Mas esses jovens de hoje
serão os idosos de amanhã, e como a sociedade e sua família o receberão?
Deve-se pensar
um pouco mais em cumprir e ajustar os direitos dos idosos para que o futuro
também nos proporcione tudo o que precisamos
para um bom término da vida, afim de alcançar a qualidade de vida juntamente
com a família e a sociedade.
[1] Graduandas do Curso de Psicologia, das Faculdades Integradas de Cacoal, UNESC – RO.
Referências:
BRANDÃO, Leci. Música: A Terceira Idade.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 230 que dispõe sobre a família, a sociedade e o
Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas.
BRASIL. Lei 8.842, de 04.01.94, (regulamentada pelo Dec.
1.958, de 03.07.96). Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso.
COSTA, Elisabeth
Maria Sene. Gerontodrama: a velhice em cena: estudos clínicos e psicodramáticos
sobre o envelhecimento e a terceira idade / Elisabeth Maria Sene Costa. – São
Paulo: Àgora, 1998.
Em briga de marido e mulher, a Psicologia ‘mete a colher”
Gleiciane Benfica Fernandes e Vanessa Oliveira Gaia[1]
Cleber Lizardo de Assis[2]
“Temos o
direito de ser iguais sempre que as diferenças nos inferiorizam.
Temos o
direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza”.
Boaventura S. Santos
Descrevemos uma cena que presenciada há alguns meses atrás, onde uma
senhora de aproximadamente 40 anos passeava de bicicleta pela praça em frente a
um posto policial; essa mulher parou e se sentou em um dos bancos quando foi
abordada por um homem, aparentemente alterado e gritando com a mulher e lhe
agarrando pelo braço; ela ofereceu resistência e o homem deu-lhe um tapa na
face, arrastando-a por toda a praça e a empurrando para dentro de uma das casas
que fica ao redor do local; tudo isso aconteceu tão rápido que a mulher nem ao menos
conseguiu levar consigo a bicicleta que trazia inicialmente.
Maior a surpresa ao ver que os
policiais que estavam no posto ao lado nada fizeram para impedir que a mulher
fosse agredida em plena praça pública,
mas assistiram a toda a cena sem tomar qualquer atitude.
Para
além de uma cena comum, infelizmente
Há séculos, homens e mulheres têm
seus papéis previamente definidos pela sociedade, e a divisão tradicional de
papéis define que cabe ao homem trabalhar para manter financeiramente sua
família, enquanto a mulher é responsável pelos cuidados com os filhos e as
atividades domésticas. Essa configuração de papéis privilegia o homem
tornando-o o dominador e a mulher a subordinada, assim os conflitos ocorridos
no ambiente doméstico e, mesmo as agressões, não costumavam ultrapassar os
limites do lar.[3]
A questão da violência doméstica é
um problema antigo, tendo sugerido provavelmente com o próprio nascimento da
unidade familiar e é “comum” ocorrer com indesejável freqüência na sociedade. É
um fenômeno generalizado não descrimina pobres e ricos, brancos e negros,
cultos e incultos. É grave, pois inúmeras são as tragédias e danos que ocorrem
em decorrência dele. É universal e ocorre em todos os países, das mais diversas
culturas, em todos os pontos do planeta.
A
violência contra mulher e familiar é gerada pela agressão entre famílias, e
pessoas ligada por laços de afetividade e, infelizmente é um problema social
com pouca manifestação de repúdio. A omissão aumenta o índice de violência, e,
conseqüentemente a impunidade.
A
mulher agredida torna-se psicologicamente frágil e ainda mais dependente do
sofrimento, por que acaba por torna-se uma vítima de seu próprio pesadelo.
Quando não há denúncia por parte da vítima o agressor não se intimida e aumenta
sua forma de delinqüência oculta que, embora aparentemente, seja de pouca
danosidade social, se configura contra um ser humano.[4]
Porém, as mulheres passaram a não
mais aceitar esses maus tratamentos recebidos por parte dos parceiros, e é ai
que podemos dizer que esse conflito sai do privado para o público, quando as
mulheres tomam, entre outros recursos, as políticas públicas que surgiram com o
intuito de proteger essas mulheres de seus agressores e fornecer subsídios para
que elas consigam sair dessa situação.
Atenção
às mulheres em situação de violência
Podemos
usar como exemplo desse movimento, a criação da Lei 11.340/06 (Lei Maria da
Penha) onde o que era restrito ao lar veio se expor à sociedade e, a partir do
dia 22 de setembro de 2006, estabeleceu-se um novo marco no atendimento a
mulher vitima de violência doméstica, criando novas formas de se atuar na
questão, já que a violência é uma forma de violação dos direitos humanos da
mulher e um fenômeno que exige uma visão multidimensional e interdisciplinar.[5]
No
entanto, essa política pública está em processo de implementação em algumas
regiões do país e é nesse contexto que acontecem as falhas no sistema, quando
os profissionais estão despreparados para atuar diante de tais circunstâncias,
onde o campo é complexo e multifacetado.
Talvez
esse tipo de atitude de omissão deve-se à falta de treinamento dos
profissionais que atuam no setor público, tendo em vista que a mulher agredida
tem duas portas principais quando deseja buscar o auxilio das politicas
publicas, são elas a saúde e a segurança. Cremos ainda que não seja somente
esta a questão isolada e sim, de uma atenção inadequada oferecida às mulheres
em situação de violência em qualquer contexto.
Recentemente
vimos que a Lei 1.340 (Lei Maria da penha)[6]
sofreu algumas alterações em relação à representação por parte da vítima ao
agressor, pois anteriormente era necessária uma Representação da vítima para
que o agressor fosse detido e sofresse as consequências contidas na lei, porém
a Ministra do STF (Superior Tribunal Federal) no dia 9 de Fevereiro de 2012
deferiu que a representação por parte da vitima não seria mais necessária e,
assim, o agressor pode ser punido se for constatado agressão sem que isso
dependa da vitima; o STF autorizou o Ministério Público a denunciar o agressor
nos casos de violência doméstica contra a mulher, mesmo que ela não apresente
queixa contra quem a agrediu.
Assim
tais politica públicas podem se tornar mais eficazes uma vez que nem todas as
mulheres agredidas que procuram a delegacia de polícia chegam a fazer uma
representação e levar a queixa adiante contra o agressor. É importante
ressaltar que, quando o fato da cena inicial ocorreu, a nova medida ainda não
estava em vigor.
Metendo
a “colher” em briga de marido e mulher
Assim,
podemos entender que essas mudanças positivas traz um grande apoio para essas
vítimas de violência, pois muitas vezes elas se intimidam diante do agressor e
acabam não o denunciando; nesse sentido, essa mudança na Lei Maria da Penha,
facilitou a parte da , ou seja, o processo poderá ser aberto mesmo se a mulher
não prestar queixa. Agora, diante de denúncias, por exemplo, de vizinhos, o
Ministério Público poderá acionar o responsável pela agressão, retirando da
mulher essa pressão. [7]
Se a Lei Maria da Penha foi um passo
importante para o enfrentamento da violência contra a mulher, pois trouxe
inovações, garantias e mecanismos para coibir e prevenir esta forma de
violência, cabe à mulher agredida romper a barreira do silêncio, do medo e da
vergonha, se reconhecendo como vítima de violência, querendo sair da situação
de violência, denunciando e buscando ajuda.
No
entanto, de acordo com essa mudança da Lei, não só a mulher pode romper tais
brutalidades ocorridas, como também é papel da sociedade denunciar estás
práticas e evitar que a Violência Doméstica se torne um mal incurável, afinal,
a violência é fruto de um desejo de destruir e tem como fundamento o emprego
legítimo da agressividade, como manifestação de vontade.[8]
E
nesse processo de enfrentamento, tem sido importante os aportes da Psicologia
no sentido de entender a adaptação do individuo a diferentes fases do
desenvolvimento e a situações estressantes; no oferecimento de atendimento de
orientação e apoio psicológico, enfocando a importância de buscar soluções pacíficas,
valorizando a auto-estima da mulher, reconhecendo e discutindo formas de
resolver os problemas nos quais os casais estão inseridos.[9]
É
a Psicologia “metendo” a sua colher e contribuindo para novas relações
temperadas com diálogo, respeito mútuo e verdadeiro amor.
[2] Psicólogo; Mestre em
Psicologia/PUCMG; Doutorando em Psicologia; Professor das Faculdades Integradas
de Cacoal-RO.
[3] ²LIMA, C. S.
S. Mulheres em situação de violência: uma compreensão transdisciplinar.
2009. Dissertação (Mestrado
em Ciências Criminais) – Faculdade de Direito, PUCRS, Rio Grande do Sul, 2009.
[4] BLAY, E. Violência Contra a Mulher e Políticas
Públicas: Projeto de pesquisa integrada apoiada pelo CNPQ. Concluída em
2003 – Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, USP, 2003.
[5] CAMPOS, ANTÔNIO A Lei Maria da Penha e a sua Efetividade: Universidade Estadual Vale Do Acaraú Escola Superior De Magistratura Do
Ceará Curso De Especialização Em Administração Judiciária - Fortaleza –
2008.
[6] A Lei nº
11.340 (Maria da Penha) entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006 e afirma
no artigo primeiro que: “cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher e de outros trata dos internacionais ratificados pela
Republica Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e
familiar”. (BRASIL,2006).
[7] A Lei nº 11.340 (Maria da Penha)
entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006 e afirma no artigo primeiro que:
“cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher,
nos termos do art. 226 da Constituição Federal.
[8] CAMPOS, A. A Lei Maria da Penha e a sua Efetividade: Universidade Estadual Vale Do Acaraú-Escola
Superior De Magistratura Do Ceará Curso De Especialização Em Administração
Judiciária - Fortaleza – 2008.
[9] NUNES, C. M. N. S. O conceito de
enfrentamento e a sua relevância na pratica da Psiconcologia. Encontro: Revista de Psicologia, São
Paulo, V. 13, N.19, P.91-102, Out. 2010.
O império do automóvel
Leonardo Cappi Manzini[1]
Pedalando
a gente enxerga melhor
Em
uma ensolarada manhã primaveril e em tempo de eleições, vale lembrar, lanço-me
à rua com minha bicicleta. Não vou só nessa aventura como bom e sincrético
brasileiro, recorro a Deus como divina companhia e proteção, vocês saberão o
porquê. Tenho o costume, e tento mantê-lo, de sair para andar de bicicleta com
minha filha de um ano e seis meses, até
então. Aproveito esse tempo das manhãs
quando o sol ainda não esta tão quente para passear com minha filha e
aproveitar para pagar umas contas, passar no açougue e ir à feira às
vezes. O passeio serve como um exercício
de reflexão, experimentação, uma mistura de varias afetações. Experimento a dor
dos meus músculos, o esforço físico, meus instintos de previsão de risco e
tomadas de decisão, o espírito geográfico.
Enquanto fito a cidade e suas vagas, percorro bairros, assisto sua
rotina e dos moradores, vejo a vida,
sinto seus aromas, suas vibrações. Mostro os personagens e as situações para
minha pequena parceira atenta a tudo e a todos, com o vento nos cabelos. Em uma dessas pedaladas, decidi ir até uma
ótica, para um concerto rápido em meus óculos. Ao procurar um local para
estacionar corretamente minha bicicleta, não havia. Depois fui a um banco, e lá
o mesmo problema, tive de acorrenta-la no corrimão da escada. Para minha
surpresa, quando fui ao mercado, eles haviam retirado o espaço e o suporte
destinado aos usuários de bicicleta, daí o que eram cerca de quinze vagas para
estacionar bicicletas, tornaram-se apenas quatro vagas em um canto do imenso
estacionamento para carros, maior que o próprio supermercado. O suporte para
bicicletas foi retirado para criar mais uma vaga para automóvel. Foi nesse
momento que decidi escrever algo sobre o assunto.
Entre
pedaladas e automocoes historicas
Das
carruagens puxadas pelos cavalos do império português em terras tupiniquins ao
carro de boi do sertanejo, das charretes dos barões do café e do cacau aos
primeiros automóveis a desembarcarem no
Porto de Santos, enfim, o homem depois da
roda nunca mais foi o mesmo.
Aquela frase de Marshall Macluham “O homem inventa os instrumentos e os
instrumentos reinventam o homem” é sempre atual e muito propícia ao que
gostaria de abordar nesse breve texto. Vale acrescentar ainda duas informações
de caráter histórico sobre os automóveis no Brasil. O primeiro automóvel a
desembarcar no Brasil deve-se ao pai da aviação, Sr. Santos Dumont e o primeiro acidente em 1897 foi protagonizado
por José do Patrocínio e pelo poeta Olavo Bilac dirigindo um automóvel a vapor,
colidiu com uma árvore a cerca de 4 Km/h.
De
lá para cá muita coisa mudou, vejamos:
De acordo com o DENATRAN, a frota de automóveis brasileiros é, atualmente, de
64.817.974 veículos registrados. O número mais que dobrou, em relação há dez
anos. São considerados nessa lista, caminhões, carros, motos, ônibus e outros
veículos. Esse número supera, e muito o numero de habitantes de alguns países
vizinhos, como Argentina, Uruguai, Paraguai, e países europeus como Espanha e
Portugal. Isso revela um crescimento de 119 %, ou seja, mais 35 milhões de
veículos chegaram às ruas. Para neutralizar o Co2 produzido seria necessária
uma área 11 vezes a da Mata Atlântica, segundo estimativas do total de Co2
produzido por esse número de veículos no período de um ano seria de 171,1
milhões de toneladas emitidas na atmosfera, sendo necessária uma área de
aproximadamente 945 mil Km de florestas para neutraliza-las, o que equivale a
11, 1 % da área do País. A estimativa é do professor Genebaldo Freire da
Universidade Católica de Brasília (UCB) do programa de mestrado e doutorado em
planejamento e gestão ambiental. Esses dados são facilmente coletados em uma
rápida consulta pela web.
Entre
a cruz e a estrada
Como
escolhi a bicicleta tenho o privilégio de evitar a escassez de vagas para
automóveis, principalmente no centro da
cidade. Economizando dinheiro, tempo e paciência, que anda pouca também. Como aqui tudo é próximo e
o terreno é bastante plano,
a bicicleta é uma boa opção. Claro, com algumas
considerações e precauções, vantagens e
desvantagens, que logo nos acostumamos. Uma delas é a necessidade de filtro solar, outra é ter uma bicicleta razoável, com bons freios, sinalização
luminosa e um bom cadeado para sua
segurança. Um dos motivos para escrever esse texto como mencionei acima, foi
não encontrar, nos três ou quatro lugares onde fui, um lugar ou estrutura própria para guardar bicicletas de forma
organizada e segura. Simplesmente não há espaço para a bicicleta, que fica
relegada às calçadas, aos postes e lixeiras onde são acorrentadas para evitar
furtos.
Bom,
feita essas ressalvas iniciais, devo lembrar que as estatísticas não estão ao nosso favor, o transito é uma guerra
silenciosa e as ruas são traiçoeiras. As mortes no transito, especialmente no
Brasil, superam as mortes em guerras, catástrofes, homicídios, etc. Os
atropelamentos a pedestres são a maior causa de mortes de crianças no transito, e a maior entre
jovens entre 18 e 24 anos segundo fontes do mapa da violência no Brasil,
divulgado recentemente e do ultimo senso
2010/2011 do IBGE. Segundo dados do
IPEA, o Brasil ocupa o quarto lugar em acidentes de transito, ocorrendo cerca
de 6,8 mortes a cada 10 mil veículos, nos EUA a média é de 1,93 e
na França é de 2,35. Ao final são mais de 30 mil mortos nas estradas
Brasileiras, custando cerca de R$ 10 bilhões por ano aos cofres públicos (IPEA,
2003).
O
transito é perigoso por diversos motivos e é um problema de saúde pública afirmam
autoridades e estudiosos da área. Enquanto os motoristas compreenderem que o transito é feito de
carros, motos e caminhões , e não de
pessoas, vidas, pais, mães, filhos etc.
nada pode ser feito para
modificar a caótica situação na qual se
encontra. Essa é a primeira lição que a
psicologia do transito pode ensinar ou modestamente repassar. O transito é
feito de pessoas e de vidas. Aí esta o
problema e a solução, concorda?
Entre
o público e o privado, transitar é preciso
O
transito é o conjunto de três elementos principais, o condutor, o automóvel e a
via. (Rozestratem, 1993 apud Hoffman, Cruz e Alchieri, 2007). E ainda, pode ser entendido como o conjunto
de deslocamentos dentro de um sistema regulamentado, normatizado. Portanto o
transito não esta restrito somente às
leis e sua aplicação, nem somente
aos automóveis e motoristas ou às ruas, avenidas e estradas. O
transito é um conjunto de interações que se dão de forma simultânea e contínua. Portanto, trata-se de um fenômeno
complexo, cujas proporções acompanham o
ritmo do desenvolvimento tecnológico, econômico e humano do mundo globalizado.(Rozestraten,
2007; Günther, 2007 apud Hoffman,
Cruz e Alchieri, 2007). Ao sair de casa, de carro, a pé, de bicicleta, de moto,
sozinho ou acompanhado, nos atiramos dentro de uma estatística cruel, de um
ambiente inseguro, incerto e que reflete toda a desigualdade, individualismo,
egoísmo e imediatismo que vivemos como
condição cultural na atualidade.
O
transito reflete de forma pitoresca, mas real, as desigualdades sociais e econômicas, reflete de forma pratica todo o
individualismo e banalização da vida e da morte que assistimos pela televisão,
nos telejornais, filmes e telenovelas da vida. O transito reflete e representa de forma fiel as relações de poder
em jogo na sociedade, onde o mais rico, o maior, o mais veloz, o mais
seguro, prevalece e faz sua própria
lei. No transito e dentro dos automóveis
as pessoas são o que são e não o que tentam ou parecem querer ser. E
muitas vezes isso significa serem impacientes, egoístas, violentos,
preconceituosos, adoecidos, paranoicos, psicopatas, desorganizados, esnobes,
assassinos.
No
império dos automóveis reinam os mais fortes, maiores, mais barulhentos, mais
velozes. As cidades são feitas e pensadas para eles, as ruas cada vez maiores, as calçadas cada vez menores. Para cada pessoa um carro, para cada
carro uma pessoa, essa é a matemática do mal. Os congestionamentos já assolam as cidades do interior, para alguns obsoletos, significa progresso, lucro
à vista, desenvolvimento. Diga-se de passagem, que grande parte dos automóveis que circulam nas ruas são financiados, portanto, são dos bancos. Para
algumas pessoas, o carro é o
objetivo de vida, um motivo para continuar trabalhando, acordando todos os
dias, tolerando um emprego que violenta
sua saúde e uma lógica que vai vencê-lo
ao final, esgotado, medicado, vazio e
solitário.
O carro, principalmente no Brasil é sinal de
status social, de poder, de luxo, de autonomia, de “bom partido” para relacionamento,
de confiabilidade, isto é, faz parte da cognição social, das pessoas com o
outro. Vale ressaltar que o automóvel no Brasil é um dos mais caros do mundo,
comparados a outros países, paga-se muito por pouco, pois a diferença de
qualidade às vezes é gritante entre carros fabricados e vendidos na Europa e
EUA e aqui no Brasil.
O carro para
um adolescente ou um jovem adulto, homem, solteiro, é mais do que um
meio de locomoção, as vezes é o único suporte material de sua identidade e de seu projeto de vida baseado nos bens
materiais . As estatísticas mostram que as
mortes entre jovens de 18 a 24 anos é altíssima no transito ( IBGE, 2010), essa faixa etária é a que mais se mata no
transito, onde o termo acidente não é o
mais correto. Pois não se trata de acidente, mas de irresponsabilidade,
imprudência, loucura. Tentar demonstrar
habilidade ao volante é um dos fatores que mais produz colisões , agressões e mortes entre jovens no transito.( Rozestraten
apud Hoffman, Cruz e Alchieri, 2007).
Na
base dessa genealogia perversa que assistimos todos os dias pelas ruas, estão os apelos incessantes
dos filmes, novelas, propagandas que desfilam e
associam carros à velocidade, ao acesso às mulheres, ao sexo, ao poder
individual, à liberdade, à prosperidade financeira. Somam-se a esse cenário o apelo
das atuais musicas mais ouvidas entre
jovens e adolescentes, onde o carro transformado em objeto de fetiche
identitário do dono é, ao mesmo tempo, carro de som, sala de cinema ou de
televisão, quarto, motel, e solução para
a solidão, o desprezo, o descaso, o anonimato. Em uma sociedade narcisista
(Costa, 1988 apud Caniato e
Nascimento, 2010; Birman, 2007), o carro é objeto do gozo narcísico cínico e
egoísta que toma o outro a bel prazer como objeto à disposição para seu
espetáculo.
O
que se tem atrás do volante é um indivíduo que é causa e consequência do modelo
social implantado (Rozestraten apud
Hoffman, Cruz eAlchieri, 2007). Um indivíduo sem asas, um “tipo”, assolado e
vampirizado cuja singularidade e subjetividade foram mercantilizadas,
negociadas, esvaziadas, é o “desbussolado” contemporâneo no jargão
psicanalítico. (Guiraldelli, 2007; Birman 2007). Essa criatura esta à mercê do
próximo lançamento do mercado das identidades luxo, da próxima novidade efêmera
e descartável. Subjetividade lixo.
Ao
problematizar a mobilidade humana, menciona Verona (2009) na apresentação do
“Seminário Nacional Psicologia e Mobilidade: espaço público como direito de
todos”, deve-se perguntar sobre os modos de vida impostos pelo sistema
capitalista, cujo modelo de subjetividade está solidamente arraigado na liquidez,
no hedonismo e na efemeridade para com a
vida.
No fim
das contas...
Saiba
que quando se compra um automóvel, você esta contribuindo para o progresso.
Para o progresso da crise ambiental e climática que assombra o futuro das
próximas gerações. Contribui para o
progresso do aumento da desigualdade social, da má distribuição de renda entre
as classes e da disputa pelo espaço público. Para o aumento dos oligopólios
intercontinentais em uma sociedade que glamoriza multimilionários que
protagonizam a absurda concentração de renda baseada em um sistema econômico
que esfacela os laços sociais e pra não faltar, está fortemente implicado na
destruição ecológica do planeta.
Por
outro lado, ainda mais perturbador, os objetos de consumo, como os automóveis, como
são mercadorias culturais estão investidas e
associadas a uma estética de existência, plasmadas aos processos de
subjetivação contemporâneos. Automóveis e subjetividades fazem parte do mesmo
produto, o consumidor, ambos, autômatos, serializados numa reinvenção
constante, o que é parte da lógica de seu sistema (re)produtivo que remete ao
novo sob o crivo do tornar-se obsoleto. Desse modo a discussão sobre o império
do automóvel passa pela problematização de outros impérios e, principalmente
àqueles que se referem aos impérios de
controle e produção das narrativas e das
possibilidades de dar sentido à vida, às coisas, ao mundo e aos outros.
Ao
situar o comportamento do condutor e dos participantes do transito de maneira
geral, é preciso levar tal condição em consideração. O mesmo ocorre quanto ao
espaço público, as calçadas, as praças, os parques, as ruas, as
estradas e porque não os veículos, sua produção, seu planejamento, sua
concepção. Para mudar os conflitos no transito e do transito é preciso conceber
outros modos do viver e de fazer viver. Isso inclui novas maneiras de planejar
e organizar os espaços, as cidades, a mobilidade humana, criando espaços de
interação e lazer, espaços de fluxos especiais como transportes e deslocamento
para o trabalho e outros serviços. É uma
oportunidade de se pensar e visualizar cidades inteligentes e sustentáveis, e
principalmente praticar subjetivações que não reproduzam a clausura do fora em
seus modos e relações com o mundo e os outros.
Referências:
BIRMAN, J.. Mal Estar Na Atualidade: A
Psicanálise e as Novas formas de Subjetivação. 2ª edição, Rio de Janeiro.
Editora Record, 2007.
CANIATO, A.; NASCIMENTO, M. L. V. A subjetividade na sociedade de
consumo: do sofrimento narcísico em tempos de excesso e privação. Arquivos
Brasileiros de Psicologia v.62, n. 2, 2010. Disponível em http://www.psicologia.ufrj.br/abp/.
CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA. Psicologia e Mobilidade: O espaço público como direito
de todos. 1º edição, Brasília DF, 2010. Disponível
também em: www.pol.org.br
DENATRAN.
Departamento Nacional de Transito. Disponível em
http://www.denatran.gov.br/
GUIRALDELLI, P. O Corpo: Filosofia e Educação.
Editora Ática, São Paulo, 2008.
HOFFMANN, M. H.;CRUZ, R M.; ALCHIERI, J. C.
(org) Comportamento Humano no Trânsito, 2ª edição, São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2007.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA/IBGE. 2010. Disponível em: http://www.censo2010.ibge.gov.br/.
IPEA (2003). Brasil ocupa o 4º lugar em
acidentes de trânsito. Disponível em:
<www.terra.com.br/noticias/transito>.
TEBALDI, E.; FERREIRA, V. R. T. Comportamento
no transito e causas da agressividade. Revista de Psicologia da UNC disponível
em WWW.nead.uncnet.br/revista/psicologia.
WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violencia: Os novos
Padrões da violência homicida no Brasil. 1ª edição. Instituto Sangari, São
Paulo 2012. Disponível em: www.mapadaviolencia.org.br
Em um relacionamento sério com a rede social
Débora Fabiano[1]
Me “add”?
Algumas brigas de casais são vistas freqüentemente
e muitas delas fazem com que os outros sintam uma certa
“vergonha alheia”. Um episódio que me chamou muito a atenção foi quando, em uma
linda tarde de domingo, numa sorveteria um casal de namorados discutia e o
único argumento utilizado pela garota era: “Você ‘adicionou’ aquela lá”. O
pior: O garoto diante da situação pedia desculpas como se tivesse agido da
maneira mais desprezível possível e sua resposta era: “Somos só amigos!”
Observando a cena, passei o dia refletindo sobre a
importância daquele pequeno ato para o casal. Talvez, o garoto não havia sequer
tocado ou olhado para “aquela lá” pessoalmente, foi uma cena de ciúmes única e
exclusivamente, virtual. A pergunta é: O que há de tão catastrófico nisto?
Sorria! Você está na vitrine
O termo “adicionar” é comumente utilizado pelos
adeptos das redes sociais, assim como os termos “curtir”, “compartilhar”,
“comentar”, etc. O fato de adicionar uma pessoa à sua rede social, o torna um
“amigo” virtual, assim todos podem “bater papo”, ver suas fotos e até
comentá-las. Talvez isto seja o que tenha deixado a garota com tanto ciúmes do
seu namorado. Mas não sendo suficiente o ciúme cotidiano, da vida real, agora
existe também o virtual?
Atualmente, a rede social, assim como é capaz de
manter-nos conectados a amigos ou familiares distantes, talvez possa nos
afastar de pessoas próximas. Como? Praticamente todas as informações de sua
vida estão expostas em uma página, assim como fotos, recados e comentários
pessoais. Quer saber se “fulano” namora? Entra lá! Quer saber se está solteiro?
Idem! “Nossa! Não acredito que eles terminaram!”
Isto mesmo, sua vida está completamente exposta
como em uma vitrine. Não acha que o relacionamento precisa estar bastante
estável e ambos precisam ser bem maduros para agüentar tamanha exposição? A
suposta “aproximação” dos homens com outras mulheres ou vice e versa, parecia
representar uma possível ameaça ao relacionamento amoroso da garota.
Somos
“amigos”!
Segundo Buss (2003), a amizade entre homens e
mulheres teria suas vantagens específicas para ambos: para as mulheres,
proteção, informações sobre o sexo oposto e auto-estima; para os homens,
companhia, informações e contato com prováveis futuras parceiras.
Seria, então, este um processo inconsciente, onde
tanto a mulher quanto o homem sabem que existem certos interesses e sentem
ciúme por isto? Mas que a amizade é esta que se estabelece nas redes? Um ser
humano exposto em uma tela, cheio de qualidades, que, muitas vezes, não é
aquilo que parece ser e tem a necessidade de se expor como em um espetáculo.
Sim, vivemos em uma “sociedade do espetáculo” como
postula Debord (1992), onde “o espetáculo que inverte
o real é produzido de forma que a realidade vivida acaba materialmente invadida
pela contemplação do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem espetacular pela
adesão positiva.”
E mais uma vez a ideia da “vitrine” é
reforçada. O amor é capaz de suportar este “espetáculo virtual”? O “amor” da
garota da história parece não estar suportando seu namorado tão exposto ou as
mulheres tão expostas e, possivelmente, mais “acessíveis” ao seu namorado. O
que de fato tanto a incomodava, somente ela poderá dizer.
Uma coisa é certa: “o amor
correspondido é fonte de felicidade e incrementa a auto-estima.” (Dócolas,
s/ano). Auto-estima esta que está em falta em muitas mulheres e homens. Os
amores não correspondidos justificariam esta questão? Talvez. Mas arrisco a
dizer que neste relacionamento talvez falte uma pitada de maturidade e
autoconfiança.
Vivendo online
Será que o relacionamento está tão ruim assim que o
tema do casal em um domingo ensolarado, tomando seu sorvete é aquela
“amiguinha” da rede social? Talvez este seja o grande erro e o que mais leve às
discussões nestes casos, o manter-se “on”
mesmo estando “off”, insistir na
briga por algo única e exclusivamente virtual. Uma relação amorosa é mais que
isso, é estar junto, é tocar, sentir o cheiro. Em que parte do caminho isto se
perdeu?
Torço, enormemente, para que a garota da história
consiga entender que sua relação deve ter por base a confiança, independente de
seu namorado “adicionar”, “curtir” ou “compartilhar” qualquer coisa que a
desagrade, afinal, a vida vai muito além de uma simples rede social.
Referências:
BUSS, David. M. Evolução do Desejo: Estratégias de
acasalamento humano. 2. Ed. Nova York, BasicBooks, 2003.
DEBORD, Guy. A
Sociedade do Espetáculo. E-book digitalizado por Coletivo Periferia e eBooks
Brasil, 2003.
DÓCOLAS, J. L. Especulações sobre o amor.
Disponivel em: http://www.sig.org.br/_files/uploads/image/especulaessobreoamor.pdf.
Acesso em 20. set. 2012
Samba de uma
nota só
Marcelo Borges[1]
Bom
dia Noticia!
Ao acordar e ir até o escritório do meu irmão pegar
o jornal matinal, me deparo com a indignação de alguns funcionários que lá
trabalham,comentando uma publicação feita em um jornal popular, sobre algo de
uma novela que abordava o tema das novas estruturas familiares: havia um
personagem que possuía três famílias com mulheres diferentes.
Indignado e com um sorriso um tanto quanto
sarcástico, alguém verbaliza seupensamento com um comentário, diante dos
presentes e alguns clientes que costumam frequentar aquele espaço: - Onde este mundo vai parar?Já pensou se
fosse o contrário, uma mulher com três maridos? É o fim!Afirma e continua
suas pontuações:É, mas hoje em dia está
tudo de cabeça para baixo mesmo, homem com homem, mulher com mulher e esta “sem
vergonhice” toda só piora é o fim dos tempos e ainda tem um monte de “viado”
querendo adotar filho e casando com papel passado etudo, finaliza.
Dentre os olhares dos espectadores,havia a
concordância de alguns e olhares desconfiados de outros.
O despertar da consciência
Fato parecido, porém, em um mundo acadêmico,
acontece quando um aluno de Direito pergunta ao professor, quando lecionando o
tema da formação da personalidade humana segundo Freud e os conceitos jurídicos
de Trindade (2010) sobre o complexo de Édipo no menino e na menina e os
Direitos Humanos na atualidade, tanto da mulher quanto do homem, e indaga:
_
Professor, na sua opinião você acha que se um casal homoafetivo adotar uma
criança, ela também se tornará gay ao crescer, uma vez que você disse que somos
reflexos da criação de nossos pais?
Percebia-se na questão, mais um tom de curiosidade
e aprendizagem do que uma suposta homofobia, o que foi prontamente devolvida
com um questionamentodo professor que os levassem a pensar: _ Se os gays têm pais heterossexuais, então o
por quêa sua homossexualidade?
Não é o samba do Crioulo doido
“Tudo o que resta é fingir. Mas
fingir até o fim da vida é o pior tormento”.
(Peter Tchaikowsky, depois de
seu casamento em 1877, Isay, Richard, pag. 83).
Ao depararmos nos dias de hoje com conceitos tão
arcaicos como o do tempo da inquisição, em que as “bruxas” eram queimadas vivas
por praticarem a manipulação das ervas ou por suas danças em volta do fogo;
quando os “infiéis” que não professassem a religião dominante também eram
punidos, pasmem também vocês Senhoras e Senhores, que comentários e pensamentos
assim, tão impregnados de valores morais e com tão pouco conteúdo de valor e de
respeito ao próximo; em que a liberdade humana em sua diversidade é tolhida em
todas as suas instâncias, por falsos conceitos morais ou por uma hipocrisia
social, está mais presente em nossa sociedade em pleno século 21.
Não estamos aqui desmerecendo a importância do
papel familiar, porém ,a família do mundo moderno deve ser um lugar acolhedor,
em que o amor transcenda todas as barreiras e que haja um ambiente afetivo
proporcionado a todos os seus componentes, sejam eles de quaisquer cor, raça,
religião ou orientação sexual.
O caráter do ser humano não deve ser julgado apenas
por base nos princípios pessoais ou religiosos que um ou outro possa escolher
para si,valores baseados em conceito de certo ou errado, onde o “superego” (um
juiz acusador que faz parte do aparelho psíquico humano, segundo Freud, citado
por Lindzey & Hall,2000, pag. 54”) sem preparo com uma boa educação ou
carregado de fatores de crenças religiosas, faça o julgamento da moral alheia e
esqueça da importância de respeito às diferenças.
As funções da família, hoje em dia, são repartidas
com outras agências socializadoras, como as instituições educacionais. (Bock,
2002,pag. 254), e se este é um fator que não podemos desprezar, tudo o que está
em volta influencia o humano em seu desenvolvimento, ainda mais hoje com o
mundo globalizado.
As mulheres, os homossexuais e os menos
privilegiados hoje em dia, por sua vez, devem saber que a lei os ampara em
igualdade de direito. Todos os cidadãos brasileiros são iguais perante a lei e
se pudermos ampliar nossas mentes mais adiante, somos todos iguais perante
“Deus” e isto é inquestionável, se utilizarmos o fator fé.
A educação nossa de cada dia.
A lei não é uma regra que vem de cima para baixo,
ela foi criada para a melhor convivência ente cidadãos, estabelecendo padrões sociais,
ou seja, o seu direito termina, onde começa o direito do outro. A Lei não deve
ser um padrão rígido e permanente, e sim um padrão evolutivo, visando o bem
estar da sociedade e adaptando-se aos novos sistemas que a evolução humana vem
desenvolvendo.
Os juristas modernos atuais estão cada vez mais
convencidos desta realidade, ao ponto de reconhecerem famílias homoafetivas,
filhos com dois paise uma mãe no registro ou duas mães e um pai, como aconteceu
recentemente no interior de São Paulo, em que um filho teve o direito
reconhecido de ter o nome de sua mãe biológica (falecida) e de sua mãe afetiva
em sua certidão de nascimento.
Parafraseando Bettelheim (1980), embora seja
difícil senão impossível pensar verdadeiramente segundo o outro, é necessário
voltar à criança dentro de nós para uma visão animista do valor humano.
O conceito de família evoluiu, os laços de sangue
resultam da descendência, a afinidade se dá com a entrada dos cônjuges e seus
parentes que se agregam à entidade familiar pelo casamento. Portanto, não foi o
Estado que criou a família, ao contrário a família faz o Estado e a Pátria com
sua cultura e normas sociais.
O que seria melhor, país com pessoas felizes e
livres em sua plenitude para viver em harmonia ou uma sociedade hipócrita de
conceitos vis e arcaicos,com crianças jogadas em abrigos, sem um lar onde possa
ser amada?
Nesta visão machista e arcaica fica a pergunta: até
quando tocaremos este samba com uma nota só?
REFERÊNCIAS:
BETTELHEM, B. A Psicanálise dos contos de
fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
BOCK, A. M..Psicologias, uma introdução ao
estudo de psicologia- 13 ed. SP: Saraiva, 2002.
ISAY, R. A. Tornar-se gay: O caminho da
auto-aceitação. SP: Summus, 1998.
LINDZEY& HALL,Calvis, Gardner.Teorias da
Personalidade – 4ª ed. –Poa: Artes Médicas Sul, 2000.
TRINDADE, J.Manual de Psicologia para
Operadores de Direito, 4ªed. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora,
2010.
Sobre o amor como forma de dominação
Fábio Belo[1]
“sem
espalhar água! Sem bagunça!”
Nesse
último feriado, estava num hotel, nadando na piscina infantil com meu filho de
dois anos de idade. Ao meu lado, um pai e sua filha também se divertiam. Ou nem
tanto. A cena me chamou a atenção: quando a menininha, também com 2 ou 3 anos,
começava sua algazarra, batendo os bracinhos e espirrando água, o pai logo
intervinha: “sem espalhar água! Sem bagunça!”. Ora, pensei, se não era ali o
lugar da bagunça, onde mais? Se ali ela não pudesse “molhar” o pai à vontade,
quando poderia?
E por
falar em amor...
A cena é ensejo para pensar no amor
como modo de dominação. De forma geral, temos horror a pensar nisso.
Idealizamos o amor como um tipo de afeto entre duas pessoas que irá sempre
trazer coisas boas, liberdade mútua, respeito. De acordo com a visão popular,
tudo que acontece entre duas pessoas, mas que não seja marcado por essa
positividade idealizada, não merece o nome de amor. Ainda continuamos
platônicos: o amor é o encontro entre almas gêmeas, onde tudo se encaixa, onde
tudo é perfeito e sem arestas. A meu ver, é importante criticar essa imagem
idealizada, pois é fácil acusar o outro de não saber amar caso não sejamos
atendidos em nossos desejos. Antes de comentar esse ponto, permitam-me comentar
a cena prosaica acima, interpretando um poema de Ricardo Reis:
Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não
menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afectos, tenha a fria liberdade
Dos
píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem, e não deseja,
Homem,
é igual aos deuses.[2]
O poeta certamente exagera: não ter
afetos é ser livre. Exagera porque a sensação de liberdade provém de um eu que
foi construído a partir da relação (amorosa) com o outro. Deve haver um eu que diga: “sou livre!”. Ora, esse eu
só pode ter sido fruto de relações amorosas e políticas historicamente
determinadas, portanto, fruto de afetos e para sempre tributário a eles.
Libertar-se deles implicaria em livrar-se de si mesmo. A metáfora do caminhão
desgovernado é válida aqui: o caminhão que desce, ladeira abaixo, sem freio e
sem motorista, não é uma boa imagem para a liberdade. Melhor seria a metáfora
do caminhão que pode seguir seu caminho, mesmo que obedecendo a certas regras,
negociando com outras etc... A “fria liberdade dos píncaros sem nada” é tão
terrível, assim me parece, como a liberdade do caminhão desgovernado.
No mesmo hotel, a mesma cena se
repetia entre diversos filhos e pais – eu incluído: não toque nisso, não faça
aquilo, volte aqui, agora não, vamos tomar banho, vamos dormir... A criança
precisa de limite. Liberdade, do ponto de vista da criança, não pode ser
confundido com um tudo-fazer ou um tudo-poder. Ao contrário: liberdade parece
ter a ver com fazer a partir do olhar e da palavra do outro, atravessado pelo
sentido que o outro dá à ação da criança. Ao mesmo tempo em que essa palavra
qualifica a ação da criança, também pode oprimi-la.
O amor
também oprime
O ponto do poema que me interessa é
essa idéia fundamental a desenvolver: o amor também nos limita, também nos
oprime. Talvez o pai da cena narrada quisesse ensinar à filha os bons modos de
uma menina. Que isso tenha me parecido um excesso – freio demais no caminhão –
depende exclusivamente do que podemos discutir sobre como deve se comportar uma
criança dentro de uma piscina e, mais genericamente, sobre como devem se
comportar as crianças, a quê devem ser estimuladas, quando e de que maneira.
Não importam quais regras desejemos impor: essas regras sempre existirão, por
mais amorosas que sejam, por mais suaves que possam ser enunciadas. E nesse
sentido o amor oprime. Tanto quanto o ódio ou a inveja, como salienta o
eu-lírico. Já me vali, em outro texto[3], de uma
passagem brilhante de Winnicott que explica o efeito positivo dessa dominação
no amor:
A criança cujo lar não conseguiu dar-lhe um
sentimento de segurança procura fora de casa as quatro paredes que lhe
faltaram; tem ainda esperança e busca nos avós, tios e tias, amigos da família
e na escola o que lhe falta. Procura uma
estabilidade externa, sem a qual enlouquecerá. Fornecida em tempo adequado,
essa estabilidade poderá consolidar-se na criança como os ossos no seu corpo,
de modo que, gradativamente, no decorrer dos primeiros meses e anos de vida,
passará da dependência e da necessidade de ser dirigida para a independência.
(Winnicott, 1979, p. 257, grifos meus)[4]
No artigo citado, ainda comentei:
pode-se notar que Winnicott subverte a idéia de que a criança sem limites, sem
um sentimento de segurança, está entregue ao prazer e se sente absolutamente
livre. Ao contrário, ela precisa de limites para se sentir livre e para não
enlouquecer. Caso a criança não consiga fazer desse controle algo interno – é
curiosa a metáfora dos ossos utilizada por Winnicott – ela tentará fazer com
que esse controle seja externo: “a criança anti-social, doente, sem
oportunidade para criar um bom “ambiente interno”, necessita absolutamente de
um controle de fora para ser feliz e estar apta a brincar ou trabalhar” (ibid.,
p. 259).
Água
pra todo lado
Pensar sobre essa cena e todas as
outras de pedagogia amorosa entre um pai e seus filhos nos ajuda a compreender
um dilema filosófico importante. Como indivíduos modernos, atravessados pela
moral burguesa e por valores liberais, temos desconfiado cada vez mais de
qualquer tipo de tutela, qualquer tipo de outro que se arrogue saber o nosso
bem. O velho bordão “faço isso por seu bem” nunca foi tão atacado quanto agora,
num tempo no qual tememos privar a criança de sua autonomia.
O
dilema está no fato de que todos os nossos valores são transmitidos, mesmo esse
ligado à moral burguesa, defensora da liberdade individual. Também faz parte
dessa moral a ideia de que só somos livres numa sociedade
em que certos valores são compartilhados e respeitados. É isso o que a cena me
causou: o pai parecia bem intencionado ao educar a filha, mas me pareceu
excessivo. Não há solução fácil para esse tipo de pedagogia. As fronteiras
entre a dominação e o ensino são sempre movediças. A solução está – ainda
obedecendo à tal moral burguesa – em manter espaços públicos de discussão sobre
como educar, como reavaliar limites.
Os frios píncaros do desafeto e a
suposta liberdade ali encontrada não valem o sorriso da menininha que, mesmo
sobre as críticas do pai, insistia em jogar água pra todo lado. Não estamos
longe dos dilemas morais que irão se desenrolar a partir daqui: a distinção
entre a demanda que endereçamos ao outro e o desejo que temos de fazê-lo se
submeter ao nosso desejo. Não me parece possível retirar a carga sádica da
crença “se você não faz isso por mim é porque você não me ama”... Ora, demandar
algo do outro – que pare de espirrar água, que ele pare com aquela mania que
nos incomoda, que ele pare de fazer o que nos obriga a renunciar a ele etc... –
implica, sempre, em aceitar que o outro pode recusar. Entender que isso não é
desamor, mas prática conjunta de liberdade é o que podemos chamar exercício
ético dos contratos amorosos.
[1]Psicólogo, Mestre em
Teoria Psicanalítica e Doutor em Estudos Literários (UFMG). Professor Adjunto I
de Psicanálise e Relações Objetais, no Departamento de Psicologia, da UFMG.
www.fabiobelo.com.br
[2] Poema datado de 1-11-1930. In Pessoa,
Fernando. Odes de Ricardo Reis. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.)
Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994), p. 126.
[3]BELO, F. R. R. . Os efeitos da
violência na constituição do sujeito psíquico: uma análise de Cidade de Deus. Psyche (São Paulo), São
Paulo, v. VIII, n.14, p. 77-94, 2004.
[4]Winnicott, D.W.
Aspectos da delinqüência juvenil. In. A
criança e seu mundo. Trad. Álvaro Cabral. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1979, pp. 256-261.
EXTENSÃO
em [Cena]:
Projeto de Extensão “Mulher Viva” no 3º Simpósio
sobre a “Lei Maria da Penha”
O prof. Cleber Assis, docente do curso de Psicologia da UNESC,
junto com as discentes Lucineide Santana, Simone Muniz e Nádia Valéria participaram
nos dias 11 e 12 de setembro, no auditório da UNIR, do 3º Simpósio sobre a lei
Maria da Penha, promovido pelo Ministério Público em parcerias com a Delegacia
da Mulher, Fórum de Justiça, Centro de Referência em Assistência Social e
UNESC. O projeto de extensão do curso de Psicologia (Viva Mulher) foi apresentado
com a intervenção psicossocial “Construindo relações amorosas sem violência”,
ministrada para cerca de trezentos adolescentes de escolas públicas e
particulares de Cacoal.
“Precisamos atuar na frente da prevenção às diversas formas de violências entre gêneros e o melhor caminho é desenvolver ações educativas e preventivas junto aos adolescentes que se encontram em fase de começo de relacionamentos amorosos”, afirma o coordenador do projeto, prof. Me. Cleber Assis.
“Precisamos atuar na frente da prevenção às diversas formas de violências entre gêneros e o melhor caminho é desenvolver ações educativas e preventivas junto aos adolescentes que se encontram em fase de começo de relacionamentos amorosos”, afirma o coordenador do projeto, prof. Me. Cleber Assis.
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Orientação para submissão de
trabalhos: 1) Público-alvo: estudantes, pais,
educadores; 2) Pede-se linguagem acessível, de contribuição psicossocial,
mas sem o formato acadêmico clássico; 3) Priorizar temática com relevância social, a partir do campo psi em suas diversas
teorias e abordagens; 4) Formato do
artigo: média de 800 palavras, fonte garamond 12; 5)Metodologia “Cenas”: buscar a
seqüência de “cenas” cotidiana, contemporânea, pática e outras
(profiláticas/interventivas etc); 6) Além de artigos, poderão ser
submetidos materiais inéditos de outros formatos: poesia, charges,
crônicas, breves contos etc 7) Email para envio: kebelassis@yahoo.com.br
|
EM BREVE:
O Cotidiano sob os olhares da Psicologia e da Psicanálise
O Livro
Ana Mercês Bahia Bock (Apresentação)
Cleber Lizardo de Assis (Organizador)
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