terça-feira, 2 de outubro de 2012

Especial Ano 3, Nº 14 – Setembro/2012

O Relacional: Relações e Relacionamentos - ISSN 2176-8005


Editorial: Apresentamos o Cenas, edição 14-Especial 3º Ano, que traz reflexões sobre o tema do Relacional: relações e relacionamentos, fenômenos inevitavelmente humanos (e que nos faz humanos), mas que está em permanente tensão e problema: eu e o outro, eu no outro, eu x outro, eu pelo outro e infindáveis configurações que nos fazem seres sociais.

Diante do que adotamos como “pós-modernidade” e de seu problema crônico do laço social, o primeiro artigo, O precursor do espelho é o rosto da mãe, trata de nossas primeiras relações, das tenras idades e que marcam todas as outras fases do desenvolvimento psicossocial; o segundo artigo Ausência paterna e Pós-Modernidade, aborda a questão desse papel fragilizado atualmente e de sua relação com criança; o terceiro artigo, A Família e a conjugalidade sob júdice;  aborda o abalo nos relacionamentos familiares a partir do rompimento da conjugalidade e pelejas judiciais; o quarto artigo Terceira idade: cuidando deles agora e de nós no futuro, discute e questiona o modo que a sociedade atual se relaciona com aqueles sujeitos que os trouxe até aqui, as pessoas idosas; o quinto artigo Em briga de marido e mulher, a Psicologia “mete a colher”, busca um reflexão sobre as relações de gênero, em especial, marcadas por violência contra mulher; o sexto artigo, O império de automóvel, trata do processo subjetivacional envolvido na relação sociedade-máquina em torno do automóvel; o sétimo artigo, Em um relacionamento sério com a rede social, aborda o tema dos relacionamentos e afetos na era das redes sociais,  “linkando” amor e ciúmes; o oitavo artigo, Samba de uma nota só provoca a pensarmos em novas relações com a homoafetividade numa cultura predominantemente heterosexista; o nono artigo, Sobre o amor como forma de dominação, desafia-nos a pensar a relação amorosa e educativa entre pais e filhos como também da ordem da opressão.

Com essa edição comemorativa de 3 anos do Cenas, reafirmamos que a Psicologia como uma ciência humana e social, em especial, um saber do relacional, seja estudando e intervindo nas relações humanas, seja se constituindo a partir das próprias interações com outros discursos.

Boa leitura e boas cenas!
Prof Ms Cleber Lizardo de Assis, Editor.


ARTIGOS:
O precursor do espelho é o rosto da mãe, Analine Ferreira do Amaral
Ausência paterna e Pós-Modernidade, Edilsa Regina de Carvalho
A Família e a conjugalidade sob júdice, Wilson Plaster
Terceira idade: cuidando deles agora e de nós no futuro, Milca Bragança de Carvalho e Sufia Ângela Siqueira Tomaz Nascimento
Em briga de marido e mulher, a Psicologia ‘mete a colher’, Vanessa Olvieira Gaia, Gleiciane Benfica Fernandes e Cleber Lizardo de Assis
O império do automóvel, Leonardo Cappi Manzini
Em um relacionamento sério com a rede social, Debora Fabiano
Samba de uma nota só, Marcelo Borges
Sobre o amor como forma de dominação, Fabio Belo
EXTENSÃO em [Cena]: Projeto de Extensão “Mulher Viva” em Simpósio sobre a “Lei Maria da Penha







O precursor do espelho é o rosto da mãe

Analine Ferreira do Amaral*
Bom x Mau

Sabe aqueles almoços de domingo, que junta toda a família, onde sempre pegam um pra “cristo” para julgar e aconselhar? Então, foi em um desses almoços que eu tiro a minha cena.

Nessas férias de julho de 2012, em um almoço de família,observei um grupo de mulheres sentadas, no qual estava uma prima com seu filho de 4 meses. Aproximei-me para ver o que tanto falavam. Naquele “blablabla” todo, pude notar que enquanto conversavam, minha prima tentava amamentar o seu filho, o qual se recusa a aceitar aquele seio. No meio do “vucovuco” uma daquelas mulheres, que se dizia experiente por ter amamentado dois filhos, argumentou que o seio de minha prima era mau, não era um seio bom.

Um seio bom? O que seria um seio bom? Ao me deparar com essa frase, recordei-me do meu 2º ano de faculdade, das aulas em que meu professor explicava as teorias de Melanie Klein.


A realidade, nua e crua
No dia a dia, observamos várias cenas comuns de mães amamentando seus filhos. A mãe que vai ao supermercado fazer compras e que, enquanto escolhe o arroz, coloca a criança no peito e, sem nenhum contato, um olhar, a criança começa a chorar e a mãe acha que é fome ou cólica, quando ela “grita” por atenção, por um gesto de carinho, de afeto.


Quando essa mesma mãe chega em casa com a criança “esgoelada”, vem aquela vó, toda carinhosa, e pega aquele bebê no colo e “do nada”, ela para de chorar. A mãe olha e fala que a vó faz milagre e que tem um “colo santo”. Colo santo? Que nada! Aquela vó que acaba de segurar a criança fez um contato com ela, com um simples olhar e a criança se sentiu protegida, acolhida.


A mãe suficientemente boa

Ao amamentar a criança, é de suma importância ter um contato direto da mãe com o bebe. Um carinho e um olhar fazem toda a diferença. Segundo Scortegagna[1], para Winnicott “o primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe. A sua expressão, o seu olhar, a sua voz [...] E como se o bebe pensasse: Olho e sou visto, logo existo!”.

Amamentar não é uma simples questão de satisfação e nutrição orgânica. Ao amamentar, além de satisfazer a fome, a mãe trata com a angústia do bebê, pois é uma das formas de cuidado com o recém-nascido que mais se aproxima da continuidade da vida intra-uterina.

De acordo com Chamond[2], Winnicott faz referência à mãe suficientemente boa como uma mãe comum, dedicada, mas não perfeita, que no inicio da vida do bebê está intimamente ligada ao bebê devido à sua “preocupação materna primária”.

Segundo Pereira de Oliveira[3], Melanie Klein em uma de suas teorias, fala que os bebês quando nascem, sentem dois sentimentos básicos: o amor e o ódio, onde a criança ama o seio bom e odeia o seio mau. “Seio bom, seio mau” é um termo que descreve um objeto parcial arcaico da fantasia do EU, caracterizado a partir do princípio de prazer, o qual é decorrente de uma série de processos inconscientes e um indicativo do desenvolvimento psicossexual. O seio representa o primeiro objeto de desejo.

A criança tem uma visão de um seio mau e persecutório, pois o mesmo não a gratifica sempre que ela deseja. Já a imagem de um seio bom, é aquele que atende todas as necessidades da criança.


Cenas que podem reverter este quadro.

A amamentação estabelece uma ligação mais intima entre a mãe e o bebê, satisfazendo de modo amplo as necessidades emocionais de ambos, oferecendo ao bebê uma maior garantia de equilíbrio interno.

Lembram-se daquela mãe, do almoço de domingo, cercada de pessoas? Esta mãe, ao amamentar seu filho, deve entender que este é um momento único, onde se constrói um vínculo entre a mãe e o bebê.

A mesma deve se atentar que, o seio bom ou o seio mau, está ligado à forma como ela alimenta e atende as necessidades do bebê. Não importa apenas dar o seio, o que vale é como o seio é dado e como as solicitações do bebê são atendidas, ou seja, não se está incorporando apenas o leite da mãe, mas também sua a voz, os seus embalos e suas carícias.



*  Graduanda do Curso de Psicologia, das Faculdades Integradas de Cacoal - UNESC/RO
[1]SCORTEGAGNA, Silvana Alba et al. O processo interativo mãe-bebê pré-termo. Psic [online]. 2005, vol.6, n.2, pp. 61-70. ISSN 1676-7314.
[2]CHAMOND, J. Continuidade do ser e agonia primitiva: o bebê Winnicottiano e a psicose.Traduzido por Paola Morsello. Winnicott e-prints [online]. 2010, vol.5, n.1, pp. 1-26. ISSN 1679-432X.
[3] PEREIRA DE OLIVEIRA, Marcella. Melanie Klein e as fantasias inconscientes. Winnicott e-prints [online]. 2007, vol.2, n.2, pp. 1-19. ISSN 1679-432X.



AUSÊNCIA PATERNA E A PÓS-MODERNIDADE
Edilsa Regina de Carvalho *
Encarando a realidade
Em uma tarde de domingo, enquanto aproveitava a sombra de uma pequena árvore, estava ali próximo uma garota, e em meio a muitos assuntos ela disse: hoje na escola a professora falou que vamos fazer uma apresentação para o dia dos pais, e então o meu colega disse que não iria participar, porque seu pai não estava na cidade. Ai eu respondi para ele: e eu que nem conheço meu pai, e mesmo assim vou participar.
A importância da figura paterna
Encarar as “dificuldades” do dia a dia sem a presença paterna não deve ser tarefa fácil, pois este é representado como um herói, que tem a função não só de manter, mas de proteger e ensinar. Bem, foi isto que ouvi de uma professora (em outra ocasião) na semana do dia dos pais, quando esta disse que as crianças quando olham para seus pais, os veem como pessoas grandes, fortes, como verdadeiros heróis. Mas, e quando a criança se quer conheceu o pai? Será que a mãe substitui essa figura tão importante? Não seria esta também uma heroína?
A importância conferida ao pai pode igualmente ser confiada à mãe, quando esta assume o seu papel, isso porque não é a presença que torna alguém importante, mas a capacidade de desempenhar sua função suprindo as necessidades da criança.
Existem casos em que a figura paterna é presente, porém sua atuação na educação e no crescimento da criança é ausente, podendo ocorrer por diversos fatores, entre eles, o excesso de trabalho ou a busca contínua em cumprir a obrigação a eles atribuída de mantenedores do lar.
Entretanto, não quer dizer que por estarem ausentes perdem o significado de ser “pai”, porém a forma como é construído o vínculo entre pai e filho, podem ser modificados dependendo do comportamento desse pai.
E quando a figura paterna é de fato ausente?
Segundo Ferrari (1999), citado por Eizirik e Bergmann (2004), "a presença de ambos os pais é que permite à criança viver de forma mais natural os processos de identificação e diferenciação", acontece que quando um falta, ocorre sobrecarga no papel do outro, gerando um desequilíbrio que pode causar prejuízo na personalidade do filho.
Como podemos observar, a ausência do pai pode provocar perdas no desenvolvimento da criança. Conforme Ronde et al (1991) citado por Eizirik e Bergmann (2004), a função paterna é de fundamental importância para o desenvolvimento do bebê, pois o pai representa um baluarte para a mãe na interação com o bebê. Afirma ainda que nos primeiros anos de vida, funciona como um fator de divisão da relação simbiótica mãe-bebê.
A garota da cena optou por encarar a ausência de seu pai e enfrentar os olhares de seus colegas que, no lugar do pai, estaria lá sua mãe, que a educa e a orienta, mas que por particularidades de sua história a privou de conhecer o pai.
Entretanto, e o menino? O que o levou a fugir da tarefa de homenagear o pai, mesmo este não estando presente? Não temos acesso à história de vida do garoto, mas temos nossa própria história como referencial, a qual nos permite refletir sobre a influência da presença ou não dos nossos genitores, e qual a consequência dessa relação em nossa vida adulta.
Cenário familiar pós-moderno
            Atualmente nos deparamos com novos modelos familiares, onde barreiras de preconceito e discriminação são rompidas a todo o momento. A família convencional constituída por um casal de sexo oposto e seus respectivos filhos passa a não ser necessariamente assim representados.
            Hoje podemos encontrar com maior naturalidade casais que tem filhos e a presença paterna não é presente, ou ao contrário a família é constituída por “dois pais” ou “duas mães”, explorando as inúmeras possibilidades de se relacionar, melhor dizendo, as possibilidades de amar.
            Portanto, a maneira como enxergamos a relação familiar, dependerá da forma que aprendemos a nos relacionar desde a infância, levando em consideração as mudanças que ocorrem no universo de cada indivíduo.
            É de se ressaltar que segundo Ferrari (1999), citado por Eizirik e Bergmann (2004) é de fundamental importância a presença de ambos os pais, porém só poderá haver prejuízos na personalidade da criança se houver uma sobrecarga no papel de um dos pais.
            Com isso, podemos observar que independente da criança estar sendo criada com seus genitores, ela poderá sofrer conseqüências prejudiciais se não houver um equilíbrio na divisão de tarefas de seus educadores, sejam eles os pais biológicos ou não, o que exige equilíbrio e vivência de papéis por cada membro das novas configurações familiares em que a criança esteja inserida, seja qual for essa configuração.
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 * Graduanda do 10º Período do curso de Psicologia da UNESC-RO
REFERÊNCIAS
EIZIRIK, M. e BERGMANN, D. S (2004), Ausência paterna e sua repercussão no desenvolvimento da criança e do adolescente: um relato de caso. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.26 no.3 Porto Alegre, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-81082004000300010&script=sci_arttext, acesso em: 11 de ago de 2012.





A Familia e a conjugalidade sob júdice
Wilson Plaster[1]
Diante de mim aquela menininha, olhos arregalados, ao mesmo tempo em que expressavam temor e desespero, era possível perceber certa incompreensão quanto a tudo o que acontecia em sua volta. Sentada no banco, no corredor do Fórum, aguardava seus pais que se digladiavam na sala de audiência a respeito de sua guarda. Por não chegarem a um acordo fomos solicitados pela juíza para atendê-los.
            Ao levar aquela garotinha para minha sala, ainda tensa e amedrontada, olhos lacrimejantes, pode tornar-se parte ativa do processo decisório. Porém, ao mesmo tempo em que a expressão de sua vontade estava sendo-lhe garantida, havia algo que a incomodava. Disse em segredo e baixinho, “eu quero morar com minha mãe, mas meu pai disse que se eu escolher minha mãe, ele não vai mais olhar para mim, não será mais meu pai e não vai mais querer que eu vá visitá-lo em sua casa, por isso eu não posso falar com a doutora o que penso na frente deles.” Complementou, “eu quero morar com minha mãe, mas não quero perder meu pai. Ele não entende que gosto dele e vou continuar gostando, mesmo querendo morar com minha mãe”.
            Por mais estranho que pareça, no atendimento com o pai, ele confirmou o que a menininha tinha dito: “Eu estou dando tudo para ela, roupa, calçados, escola particular, mesada, mas se quiser morar com a mãe, me esqueça, vou apenas pagar a pensão e nem precisa me visitar”.
Ela e sua madrasta não se entendiam, havia crises de ciúmes frequentes. Seu pai estava cego para as sutilezas desses conflitos femininos, por vezes a corrigia, sem nem mesmo ouvi-la.
            Pelo que se percebeu naquele atendimento com a família, a criança, com apenas 6 anos de idade, estava sendo submetida a um intenso sofrimento. Ela simplesmente queria o básico e o mais importante, amar e ser amada por aquele pai, ao mesmo tempo em que amava a sua mãe, mas os elementos subjetivos que permeavam os conflitos que culminaram na separação há anos, continuavam fervilhando em seus corações e causando grande dor ao fruto que sobrara daquela relação, que um dia iniciara por ‘amor’.

A nova dinâmica das relações afetivas
            Neste emaranhado de afetos e desafetos, onde ficam os filhos, cidadãos de dois mundos que se odeiam, que não superaram a perda e a frustração de uma separação? Como amar e conviver com meu pai e minha mãe, se eles não se falam? Não se pode dizer algo de um para o outro, sem que receba reprimendas, muito menos expressar seu afeto pelo outro, pois implicaria em desconfiança da fidelidade e cumplicidade para com o de cá.
Na prática da psicologia jurídica e mesmo na clínica, convivemos com as demandas de casais em conflitos e processos de separação. Percebe-se que este fenômeno tem se intensificado nos últimos anos, principalmente a partir das reformas no Código Civil Brasileiro. Não significa que antes da Reforma do Código Civil as pessoas eram mais felizes em seu casamento, pois a Lei por si mesma não é capaz de manter uma relação de conjugalidade saudável, por isso ela vem adequando-se à nova dinâmica familiar e social, flexibilizando e permitindo a expressão dos desejos e interesses daqueles que pretendem não manter uma relação que perdeu seu objetivo e encanto.
Segundo dados do IBGE levantados no Censo de 2010[2], verificou-se que o número de divórcios tem aumentado significativamente no Brasil. Observam-se alguns destaques: os Estados com os maiores índices de pessoas que já viveram e não vivem mais em união conjugal é Rondônia com 33% e Mato Grosso com 31% de crescimento, comparado ao Censo anterior.
Nos últimos anos, as mulheres têm superado os homens nos pedidos de separação não consensual e com elas também tem ficado a guarda dos filhos na maioria das vezes, índice acima de 80%. Isto pode ser explicado por Fiorelli e Mangini (2011)[3] que destacam o novo lugar da mulher no mercado de trabalho e sua assunção nas responsabilidades familiares, tanto no aporte emocional quanto material. A autonomia vivenciada pelas mulheres, por meio do aumento do nível de escolarização e, consequentemente, assumindo cargos de trabalho com melhor rentabilidade, lhes oportuniza escolhas em manter ou não uma relação, quando esta não se apresenta mais satisfatória.
Os filhos diante do laço partido e dos nós mal resolvidos
Fiorelli e Mangini (2011), citando Corrêa (1993), destacam a mudança nos objetivos da nova constituição familiar. Os modelos de conjugalidade e de família estão sofrendo forte transformação; em épocas passadas tinham como propósito a manutenção da propriedade e de interesses políticos. A família patriarcal tem cedido lugar para um novo modelo no qual predominam a satisfação de impulsos sexuais e afetivos, trazendo em pauta uma nova dimensão subjetiva permeando as expressões dos sentimentos e desejos mútuos. Diante deste novo modelo, com as adequações do estatuto legal, quando esta relação de conjugalidade não mais atende estes objetivos, perde sua razão de existência. Não há, portanto, impeditivos para o rompimento dos vínculos constituídos e se busque outras oportunidades.
Se considerarmos esta nova realidade sob o prisma da qualidade de vida e da liberdade para se buscar a felicidade, verificamos que o rompimento de uma relação que perdeu seu encanto é uma alternativa melhor do que viver sofrendo e se ferindo mutuamente por anos. Portanto, nem sempre o processo de separação é vivenciado com a mesma perspectiva pelos envolvidos.
A constituição de um relacionamento é carregada de elementos subjetivos e mitos na perspectiva de felicidade eterna, complementariedade, compreensão absoluta, tolerância, segurança afetiva, fidelidade, entre outras; e, quando tais expectativas são frustradas e se percebe que o outro não é tudo o que foi sonhado, os elementos subjetivos também permeiam o processo de separação, como sentimentos de raiva, mágoas, sentimentos de perda, ideações persecutórias, desconfiança, atitudes de auto-vitimização, desejos de vingança, etc.
As expressões destes sentimentos são elementos que participam da dinâmica dos processos jurídicos, principalmente ao se tratarem da guarda dos filhos. Porém eles não são ‘colocados na mesa’ e nem sempre são verbalizados, mas as atitudes na disputa demonstram tal contexto. Os filhos podem então ser tomados como objeto de ‘barganha’, como troféus de quem ganha na disputa, ou como meio de reparação da perda. Esses comportamentos podem continuar se expressando anos após a separação, culminando em graves consequências para a educação, desenvolvimento e formação das crianças, sendo que dentre estes, os mais comuns são manifestações de comportamentos caracterizados pela Alienação Parental e o Abandono Afetivo.
Maria R. F. de Azambuja[4] traz um dado relevante sobre as conseqüências deste contexto, ao dizer que:
Pesquisas indicam que 80% dos filhos de pais divorciados ou em processo de separação já sofreram algum tipo de alienação parental; mais de 25 milhões de crianças sofrem este tipo de violência; no Brasil, o número de “Órfãos de Pais Vivos” é proporcionalmente o maior do mundo, fruto de mães, que, pouco a pouco, apagam a figura do pai da vida e imaginário da criança.
            A Alienação Parental já foi objetivada a Lei 12.318/10 que prevê multas e outras sanções ao genitor que a pratica contra seus filhos e/ou contra o outro genitor. Em relação ao Abandono Afetivo, o STJ - Superior Tribunal de Justiça já tem julgado favorável a indenizações contra pais que deixaram de atender ao que preconiza o Código Cível quanto à obrigação de cuidar, educar e zelar da prole. A interferência da Lei e do Judiciário muitas vezes se faz necessário, quando as pessoas deixam de assumir e zelar pela boa convivência em sociedade. Porém não se é possível determinar por Lei e Decisão Judicial o vínculo afetivo entre casais e nem mesmo que um pai ame seu filho. Tal vivência decorre de um aprendizado sóciopsicocultural. Este aprendizado também se aplica aqueles que, por motivo ou outro, decidiram pela separação conjugal e agora precisam compartilhar a educação, cuidado e formação dos filhos em comum, ainda que não estejam mais vivendo juntos ou compartilhando o mesmo afeto entre si.
Relações conjugais e pós-conjugais saudáveis
             A sociedade está diante de um significativo desafio: aprender a constituir relações conjugais afetivas e saudáveis, ao mesmo tempo, aprender a romper essas relações, quando não é possível mantê-las. Para isto é preciso maturidade, objetivando preservar a dignidade do outro e dos filhos, além de tudo, reconhecer que há ex-marido e ex-esposa, mas não ex-pai/mãe, nem mesmo ex-filhos.
Nisto inclui, não apenas os filhos biológicos advindos daquela relação, mas também os filhos que já existiam antes e que estabeleceram vínculos afetivos com o companheiro (a) de seu pai/mãe, que muitas vezes são tratados com carinho no período de convivência e depois desprezados após a separação.




[1] Psicólogo Clínico e Jurídico; Professor de Psicologia; Mestre em Ciências da Saúde/UnB; Especialista em Saúde Mental/UNIR; Especialista em Administração Estratégica/ULBRA; Especialista em Neuropsicologia/INAP


[2] Análise do Censo 2010. http://noticias.r7.com/brasil/noticias/no-brasil-mulheres-pedem-mais-a-separacao-que-homens-20111130.html, publicado em 30.11.2011, acesso em 15.9.2012.


[3] FIORELLI, J. O. & MANGINI, R. C. R. Psicologia Jurídica, 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2011


[4] AZAMBUJA, Maria R. F. Síndrome de alienação parental. www.escoladaajuris.com.br/cam/sindromedealienacaoparental.  Acessado em 15.9.2012.





Terceira Idade: Cuidando deles agora e de nós no futuro


Milca Bragança de Carvalho e


Sufia Ângela Siqueira Tomaz Nascimento[1]




A sensibilidade do idoso


Em um certo dia vivenciei uma cena  que me fez refletir: “ estava em casa cuidando dos afazeres domésticos quando minha sobrinha de 4 anos  demonstrou  estar nervosa e fechada a diálogos, nesse momento  minha avó tomando conhecimento do que estava acontecendo e vendo que me encontrava ocupada,  tentou intermediar a situação em relação a ela. No momento que minha avó encenou iniciar um dialogo, a mesma não deu a menor importância.


Percebendo que a minha avó não ia ter êxito naquele momento, pedi para não conversar com ela enquanto estivesse nervosa. Minha avó disse que não ira falar e já estava saindo, com um tom de nervosa. Mais tarde minha avó veio falar com meu pai que eu havia brigado com ela por causa da minha sobrinha. Depois que soube que ela estava triste comigo, fui até ela e pedi desculpa, falando que não tive a intenção de magoa- lá, e segundo ela, atualmente esta muito sensível, dependendo do que falam com ela fica chateada e começa a chorar, demonstrando assim que devemos ter um cuidado maior com esse público da terceira idade, respeitando sua subjetividade, sendo que eles necessitam de um cuidado maior em determinadas situações em detrimento de sua idade.




O idoso isolado e institucionalizado


Certa vez visitei um asilo e percebi o abandono e o desprezo por aquelas pessoas que trabalharam a vida toda, se dedicaram aos filhos e quando mais precisam seus familiares fingem que não os conhecem, sendo como se fosse um alívio para eles deixarem seus pais ou avós sendo cuidados por pessoas que nunca os tinham vistos.


Devido a fragilidade, o cansaço físico e mental, esses idosos voltam a ter comportamentos como criança, dependem de cuidados especiais, pois muitos não conseguem se locomover e fazer suas necessidades básicas. Eles precisam de muito cuidado e carinho, isso eles recebem não dos parentes e sim de pessoas estranhas que os visitam.


O Brasil vem aumentando a expectativa de seu povo: hoje, o número de pessoas de mais de 60 anos é cada vez maior. Por ser o país mais populoso do continente sul-americano, dentro de pouco mais de dez anos, nossa população acima de 60 anos deverá ultrapassar os 13 milhões de habitantes. O país terá uma das maiores populações de idosos do mundo. E já que os avanços da ciência estão oferecendo maiores expectativas de vida para o ser humano, nada mais justo do que nos preocuparmos com os idosos de nosso país (COSTA, 1998).


Há dois fatores que contribuem para o isolamento do idoso: a pressão da sociedade, desprezando-os devido a incapacidade física e mental, não podendo produzir como o capitalismo e as novas tecnologias gostariam que produzissem. Outro fator é a rejeição da família que se cansam da nostalgia das mesmas palavras, de maiores cuidados, gerando comportamentos agressivos, os maus-tratos, a falta de respeito e principalmente a falta de carinho com esse idoso, deixando-os a margem da sociedade (COSTA, 1998).


Hoje, em alguns momentos ser velho se tornou sinônimo de imprestável, de fraqueza, de doente e estorvo, como sinônimo de degradação física e psicológica. Mas esse comportamento já é visto desde as raízes seculares, uma herança cultural negativa que acabamos herdando de nossos antepassados. Esses conceitos sobre o idoso nos cega e não nos deixa agir como deveria. Apesar de que em outras culturas e outros momentos o idoso era muito respeitado, considerado como sábio e procurado para orientar e decidir sobre determinada situação. (COSTA, 1998)


Entretanto, estes conceitos são injustos, pois velhice não significa decadência. Salvo situações em que o corpo sofre limitações por causa de doenças graves, a velhice é uma fase de grande riqueza e vitalidade do ser humano. É o momento em que o indivíduo olha para trás e percebe o quanto aprendeu com a vida. Errou e acertou, mas viveu, acima de tudo. O velho nada mais é que a evolução natural do homem.


Os filósofos pré socráticos já falavam da velhice. Um deles, Demócritos de Abdera chegou a dizer: “velhice é mutilação total, tudo tem e de tudo é carente”. Mas essa visão acaba sendo um exagero, pois creio que eles não têm tudo devido a esse abandono, mas concordo que são muito carentes e precisam de uma atenção dobrada (COSTA, 1998).


Como diz Leci Brandão em uma música: “a terceira idade é a felicidade, a terceira idade, é a voz da verdade”; Refletindo sobre isso percebe-se que o idoso tem um vasto conhecimento em todas as áreas da vida, pois já teve experiências que as comprovam. Devido a esse fato, podem sobrepor seus conhecimentos como maiores do que todos os outros, fazendo-as verdade absoluta.




Cuidando deles e de nós


Cabe à sociedade e principalmente dos parentes desse público da terceira idade, valorizar e cuidar dessas pessoas tão especiais. Através dessas atitudes incentivarão uma qualidade de vida e um bem-estar para que possam viver melhor os seus últimos anos.


Diz o art. 230 da Constituição Federal que "a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida". Já a Lei 8.842, de 04.01.94, regulamentada pelo Dec. 1.958, de 03.07.96, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, tem como objetivos: - assegurar os direitos sociais do idoso; - promover a sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade (art.1º);


Infelizmente no nosso país, esses direitos aos idosos não são cumpridos como deveria, devido ao desrespeito, a falta de consideração com essas pessoas que cuidaram de sua família com todo carinho e amor; agora não valem mais para esse mundo produtivo e vivem como se fossem objetos que são carregados de um lado para outro. Mas esses jovens de hoje serão os idosos de amanhã, e como a sociedade e sua família o receberão?


Deve-se pensar um pouco mais em cumprir e ajustar os direitos dos idosos para que o futuro também nos proporcione tudo o que precisamos para um bom término da vida, afim de alcançar a qualidade de vida juntamente com a família e a sociedade.


[1] Graduandas do Curso de Psicologia, das Faculdades Integradas de Cacoal, UNESC – RO.
Referências:


BRANDÃO, Leci. Música: A Terceira Idade.




BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 230 que dispõe sobre a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas.




BRASIL. Lei 8.842, de 04.01.94, (regulamentada pelo Dec. 1.958, de 03.07.96). Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso.




COSTA, Elisabeth Maria Sene. Gerontodrama: a velhice em cena: estudos clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e a terceira idade / Elisabeth Maria Sene Costa. – São Paulo: Àgora, 1998.








Em briga de marido e mulher, a Psicologia ‘mete a colher”


Gleiciane Benfica Fernandes e Vanessa Oliveira Gaia[1]


Cleber Lizardo de Assis[2]




“Temos o direito de ser iguais sempre que as diferenças nos inferiorizam.


Temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza”.


Boaventura S. Santos




Descrevemos uma cena que presenciada há alguns meses atrás, onde uma senhora de aproximadamente 40 anos passeava de bicicleta pela praça em frente a um posto policial; essa mulher parou e se sentou em um dos bancos quando foi abordada por um homem, aparentemente alterado e gritando com a mulher e lhe agarrando pelo braço; ela ofereceu resistência e o homem deu-lhe um tapa na face, arrastando-a por toda a praça e a empurrando para dentro de uma das casas que fica ao redor do local; tudo isso aconteceu tão rápido que a mulher nem ao menos conseguiu levar consigo a bicicleta que trazia inicialmente.


Maior a surpresa ao ver que os policiais que estavam no posto ao lado nada fizeram para impedir que a mulher fosse agredida em plena  praça pública, mas assistiram a toda a cena sem tomar qualquer atitude.




Para além de uma cena comum, infelizmente


            Há séculos, homens e mulheres têm seus papéis previamente definidos pela sociedade, e a divisão tradicional de papéis define que cabe ao homem trabalhar para manter financeiramente sua família, enquanto a mulher é responsável pelos cuidados com os filhos e as atividades domésticas. Essa configuração de papéis privilegia o homem tornando-o o dominador e a mulher a subordinada, assim os conflitos ocorridos no ambiente doméstico e, mesmo as agressões, não costumavam ultrapassar os limites do lar.[3]


            A questão da violência doméstica é um problema antigo, tendo sugerido provavelmente com o próprio nascimento da unidade familiar e é “comum” ocorrer com indesejável freqüência na sociedade. É um fenômeno generalizado não descrimina pobres e ricos, brancos e negros, cultos e incultos. É grave, pois inúmeras são as tragédias e danos que ocorrem em decorrência dele. É universal e ocorre em todos os países, das mais diversas culturas, em todos os pontos do planeta.


A violência contra mulher e familiar é gerada pela agressão entre famílias, e pessoas ligada por laços de afetividade e, infelizmente é um problema social com pouca manifestação de repúdio. A omissão aumenta o índice de violência, e, conseqüentemente a impunidade.


A mulher agredida torna-se psicologicamente frágil e ainda mais dependente do sofrimento, por que acaba por torna-se uma vítima de seu próprio pesadelo. Quando não há denúncia por parte da vítima o agressor não se intimida e aumenta sua forma de delinqüência oculta que, embora aparentemente, seja de pouca danosidade social, se configura contra um ser humano.[4]


            Porém, as mulheres passaram a não mais aceitar esses maus tratamentos recebidos por parte dos parceiros, e é ai que podemos dizer que esse conflito sai do privado para o público, quando as mulheres tomam, entre outros recursos, as políticas públicas que surgiram com o intuito de proteger essas mulheres de seus agressores e fornecer subsídios para que elas consigam sair dessa situação.




Atenção às mulheres em situação de violência


Podemos usar como exemplo desse movimento, a criação da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) onde o que era restrito ao lar veio se expor à sociedade e, a partir do dia 22 de setembro de 2006, estabeleceu-se um novo marco no atendimento a mulher vitima de violência doméstica, criando novas formas de se atuar na questão, já que a violência é uma forma de violação dos direitos humanos da mulher e um fenômeno que exige uma visão multidimensional e interdisciplinar.[5]


No entanto, essa política pública está em processo de implementação em algumas regiões do país e é nesse contexto que acontecem as falhas no sistema, quando os profissionais estão despreparados para atuar diante de tais circunstâncias, onde o campo é complexo e multifacetado.


Talvez esse tipo de atitude de omissão deve-se à falta de treinamento dos profissionais que atuam no setor público, tendo em vista que a mulher agredida tem duas portas principais quando deseja buscar o auxilio das politicas publicas, são elas a saúde e a segurança. Cremos ainda que não seja somente esta a questão isolada e sim, de uma atenção inadequada oferecida às mulheres em situação de violência em qualquer contexto.


Recentemente vimos que a Lei 1.340 (Lei Maria da penha)[6] sofreu algumas alterações em relação à representação por parte da vítima ao agressor, pois anteriormente era necessária uma Representação da vítima para que o agressor fosse detido e sofresse as consequências contidas na lei, porém a Ministra do STF (Superior Tribunal Federal) no dia 9 de Fevereiro de 2012 deferiu que a representação por parte da vitima não seria mais necessária e, assim, o agressor pode ser punido se for constatado agressão sem que isso dependa da vitima; o STF autorizou o Ministério Público a denunciar o agressor nos casos de violência doméstica contra a mulher, mesmo que ela não apresente queixa contra quem a agrediu.


Assim tais politica públicas podem se tornar mais eficazes uma vez que nem todas as mulheres agredidas que procuram a delegacia de polícia chegam a fazer uma representação e levar a queixa adiante contra o agressor. É importante ressaltar que, quando o fato da cena inicial ocorreu, a nova medida ainda não estava em vigor.




Metendo a “colher” em briga de marido e mulher


Assim, podemos entender que essas mudanças positivas traz um grande apoio para essas vítimas de violência, pois muitas vezes elas se intimidam diante do agressor e acabam não o denunciando; nesse sentido, essa mudança na Lei Maria da Penha, facilitou a parte da , ou seja, o processo poderá ser aberto mesmo se a mulher não prestar queixa. Agora, diante de denúncias, por exemplo, de vizinhos, o Ministério Público poderá acionar o responsável pela agressão, retirando da mulher essa pressão. [7]


            Se a Lei Maria da Penha foi um passo importante para o enfrentamento da violência contra a mulher, pois trouxe inovações, garantias e mecanismos para coibir e prevenir esta forma de violência, cabe à mulher agredida romper a barreira do silêncio, do medo e da vergonha, se reconhecendo como vítima de violência, querendo sair da situação de violência, denunciando e buscando ajuda.


No entanto, de acordo com essa mudança da Lei, não só a mulher pode romper tais brutalidades ocorridas, como também é papel da sociedade denunciar estás práticas e evitar que a Violência Doméstica se torne um mal incurável, afinal, a violência é fruto de um desejo de destruir e tem como fundamento o emprego legítimo da agressividade, como manifestação de vontade.[8]


E nesse processo de enfrentamento, tem sido importante os aportes da Psicologia no sentido de entender a adaptação do individuo a diferentes fases do desenvolvimento e a situações estressantes; no oferecimento de atendimento de orientação e apoio psicológico, enfocando a importância de buscar soluções pacíficas, valorizando a auto-estima da mulher, reconhecendo e discutindo formas de resolver os problemas nos quais os casais estão inseridos.[9]


É a Psicologia “metendo” a sua colher e contribuindo para novas relações temperadas com diálogo, respeito mútuo e verdadeiro amor.





[1] Graduandas em Psicologia, Faculdades Integradas de Cacoal - UNESC – RO.
[2] Psicólogo; Mestre em Psicologia/PUCMG; Doutorando em Psicologia; Professor das Faculdades Integradas de Cacoal-RO.
[3] ²LIMA, C. S. S. Mulheres em situação de violência: uma compreensão transdisciplinar. 2009. Dissertação (Mestrado em Ciências Criminais) – Faculdade de Direito, PUCRS, Rio Grande do Sul, 2009.
[4] BLAY, E. Violência Contra a Mulher e Políticas Públicas: Projeto de pesquisa integrada apoiada pelo CNPQ. Concluída em 2003 – Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, USP, 2003.
[5] CAMPOS, ANTÔNIO A Lei Maria da Penha e a sua Efetividade: Universidade Estadual Vale Do Acaraú Escola Superior De Magistratura Do Ceará Curso De Especialização Em Administração Judiciária - Fortaleza – 2008.
[6] A Lei nº 11.340 (Maria da Penha) entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006 e afirma no artigo primeiro que: “cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros trata dos internacionais ratificados pela Republica Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar”. (BRASIL,2006).
[7] A Lei nº 11.340 (Maria da Penha) entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006 e afirma no artigo primeiro que: “cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal.
[8] CAMPOS, A. A Lei Maria da Penha e a sua Efetividade: Universidade Estadual Vale Do Acaraú-Escola Superior De Magistratura Do Ceará Curso De Especialização Em Administração Judiciária - Fortaleza – 2008.
[9]  NUNES, C. M. N. S. O conceito de enfrentamento e a sua relevância na pratica da Psiconcologia. Encontro: Revista de Psicologia, São Paulo, V. 13, N.19, P.91-102, Out. 2010.





O império do automóvel


Leonardo Cappi Manzini[1]




Pedalando a gente enxerga melhor


Em uma ensolarada manhã primaveril e em tempo de eleições, vale lembrar, lanço-me à rua com minha bicicleta. Não vou só nessa aventura como bom e sincrético brasileiro, recorro a Deus como divina companhia e proteção, vocês saberão o porquê. Tenho o costume, e tento mantê-lo, de sair para andar de bicicleta com minha filha de  um ano e seis meses, até então.  Aproveito esse tempo das manhãs quando o sol ainda não esta tão quente para passear com minha filha e aproveitar para pagar umas contas, passar no açougue e ir à feira às vezes.  O passeio serve como um exercício de reflexão, experimentação, uma mistura de varias afetações. Experimento a dor dos meus músculos, o esforço físico, meus instintos de previsão de risco e tomadas de decisão, o espírito geográfico.  Enquanto fito a cidade e suas vagas, percorro bairros, assisto sua rotina e  dos moradores, vejo a vida, sinto seus aromas, suas vibrações. Mostro os personagens e as situações para minha pequena parceira atenta a tudo e a todos, com o vento nos cabelos.  Em uma dessas pedaladas, decidi ir até uma ótica, para um concerto rápido em meus óculos. Ao procurar um local para estacionar corretamente minha bicicleta, não havia. Depois fui a um banco, e lá o mesmo problema, tive de acorrenta-la no corrimão da escada. Para minha surpresa, quando fui ao mercado, eles haviam retirado o espaço e o suporte destinado aos usuários de bicicleta, daí o que eram cerca de quinze vagas para estacionar bicicletas, tornaram-se apenas quatro vagas em um canto do imenso estacionamento para carros, maior que o próprio supermercado. O suporte para bicicletas foi retirado para criar mais uma vaga para automóvel. Foi nesse momento que decidi escrever algo sobre o assunto.




Entre pedaladas e automocoes historicas


Das carruagens puxadas pelos cavalos do império português em terras tupiniquins ao carro de boi do sertanejo, das charretes dos barões do café e do cacau aos primeiros automóveis a desembarcarem  no Porto de Santos, enfim, o homem depois da  roda nunca  mais foi o mesmo. Aquela frase de Marshall Macluham “O homem inventa os instrumentos e os instrumentos reinventam o homem” é sempre atual e muito propícia ao que gostaria de abordar nesse breve texto. Vale acrescentar ainda duas informações de caráter histórico sobre os automóveis no Brasil. O primeiro automóvel a desembarcar no Brasil deve-se ao pai da aviação, Sr. Santos Dumont e  o primeiro acidente em 1897 foi protagonizado por José do Patrocínio e pelo poeta Olavo Bilac dirigindo um automóvel a vapor, colidiu com uma árvore a cerca de 4 Km/h.


De lá para  cá muita coisa mudou, vejamos: De acordo com o DENATRAN, a frota de automóveis brasileiros é, atualmente, de 64.817.974 veículos registrados. O número mais que dobrou, em relação há dez anos. São considerados nessa lista, caminhões, carros, motos, ônibus e outros veículos. Esse número supera, e muito o numero de habitantes de alguns países vizinhos, como Argentina, Uruguai, Paraguai, e países europeus como Espanha e Portugal. Isso revela um crescimento de 119 %, ou seja, mais 35 milhões de veículos chegaram às ruas. Para neutralizar o Co2 produzido seria necessária uma área 11 vezes a da Mata Atlântica, segundo estimativas do total de Co2 produzido por esse número de veículos no período de um ano seria de 171,1 milhões de toneladas emitidas na atmosfera, sendo necessária uma área de aproximadamente 945 mil Km de florestas para neutraliza-las, o que equivale a 11, 1 % da área do País. A estimativa é do professor Genebaldo Freire da Universidade Católica de Brasília (UCB) do programa de mestrado e doutorado em planejamento e gestão ambiental. Esses dados são facilmente coletados em uma rápida consulta pela web.




Entre a cruz e a estrada


Como escolhi a bicicleta tenho o privilégio de evitar a escassez de vagas para automóveis, principalmente no centro da  cidade. Economizando dinheiro, tempo e paciência, que  anda pouca também. Como aqui tudo  é próximo e  o terreno é  bastante plano, a  bicicleta é  uma boa opção. Claro, com algumas considerações e precauções, vantagens e  desvantagens, que logo nos acostumamos. Uma delas é a necessidade  de filtro solar,  outra é ter uma bicicleta  razoável, com bons freios, sinalização luminosa e  um bom cadeado para sua segurança. Um dos motivos para escrever esse texto como mencionei acima, foi não encontrar, nos três ou quatro lugares onde fui, um lugar ou estrutura  própria para guardar bicicletas de forma organizada e segura. Simplesmente não há espaço para a bicicleta, que fica relegada às calçadas, aos postes e lixeiras onde são acorrentadas para evitar furtos.


Bom, feita essas ressalvas iniciais, devo lembrar que as estatísticas não estão  ao nosso favor, o transito é uma guerra silenciosa e as ruas são traiçoeiras. As mortes no transito, especialmente no Brasil, superam as mortes em guerras, catástrofes, homicídios, etc. Os atropelamentos a pedestres são a maior causa de mortes  de crianças no transito, e a maior entre jovens entre 18 e 24 anos segundo fontes do mapa da violência no Brasil, divulgado recentemente e  do ultimo senso 2010/2011 do IBGE.  Segundo dados do IPEA, o Brasil ocupa o quarto lugar em acidentes de transito, ocorrendo cerca de 6,8 mortes a cada 10 mil veículos, nos EUA a média é de  1,93 e  na França é de 2,35. Ao final são mais de 30 mil mortos nas estradas Brasileiras, custando cerca de R$ 10 bilhões por ano aos cofres públicos (IPEA, 2003).


O transito é perigoso por diversos motivos e é um problema de saúde pública afirmam autoridades e estudiosos da área. Enquanto os motoristas  compreenderem que o transito é feito de carros, motos e caminhões , e  não de pessoas, vidas, pais, mães, filhos etc.  nada  pode ser feito para modificar a  caótica situação na qual se encontra. Essa é a primeira lição que  a psicologia do transito pode ensinar ou modestamente repassar. O transito é feito de pessoas e  de vidas. Aí esta o problema e  a  solução, concorda?




Entre o público e o privado, transitar é preciso


O transito é o conjunto de três elementos principais, o condutor, o automóvel e a via. (Rozestratem, 1993 apud  Hoffman, Cruz e Alchieri, 2007).  E ainda, pode ser entendido como o conjunto de deslocamentos dentro de um sistema regulamentado, normatizado. Portanto o transito não  esta restrito somente às leis e  sua aplicação, nem somente aos  automóveis e  motoristas ou às ruas, avenidas e estradas. O transito é um conjunto de interações que se dão de forma simultânea e  contínua. Portanto, trata-se de um fenômeno complexo, cujas proporções  acompanham o ritmo do desenvolvimento tecnológico, econômico e  humano do mundo globalizado.(Rozestraten, 2007; Günther, 2007 apud Hoffman, Cruz e Alchieri, 2007). Ao sair de casa, de carro, a pé, de bicicleta, de moto, sozinho ou acompanhado, nos atiramos dentro de uma estatística cruel, de um ambiente inseguro, incerto e que reflete toda a desigualdade, individualismo, egoísmo e  imediatismo que vivemos como condição cultural na  atualidade.


O transito reflete de forma pitoresca, mas real, as desigualdades sociais e  econômicas, reflete de forma pratica todo o individualismo e banalização da vida e da morte que assistimos pela televisão, nos telejornais, filmes e telenovelas da vida. O transito reflete e  representa de forma fiel as relações de poder em jogo na sociedade, onde o mais rico, o maior, o mais veloz, o mais seguro,  prevalece e faz sua própria lei.  No transito e dentro dos automóveis as pessoas são o que  são e  não o que tentam ou parecem querer ser. E muitas vezes isso significa serem impacientes, egoístas, violentos, preconceituosos, adoecidos, paranoicos, psicopatas, desorganizados, esnobes, assassinos.


No império dos automóveis reinam os mais fortes, maiores, mais barulhentos, mais velozes. As cidades são feitas e pensadas para eles, as ruas cada vez  maiores, as calçadas cada vez  menores. Para cada pessoa um carro, para cada carro uma pessoa, essa é a matemática do mal. Os congestionamentos já  assolam as cidades do interior, para  alguns obsoletos, significa progresso, lucro à vista, desenvolvimento. Diga-se de passagem, que grande parte dos  automóveis que circulam nas  ruas são financiados, portanto, são dos  bancos. Para  algumas pessoas, o carro é  o objetivo de vida, um motivo para continuar trabalhando, acordando todos os dias, tolerando um emprego  que violenta sua saúde e  uma lógica que vai vencê-lo ao final, esgotado, medicado, vazio e  solitário.


  O carro, principalmente no Brasil é sinal de status social, de poder, de luxo, de autonomia, de “bom partido” para relacionamento, de confiabilidade, isto é, faz parte da cognição social, das pessoas com o outro. Vale ressaltar que o automóvel no Brasil é um dos mais caros do mundo, comparados a outros países, paga-se muito por pouco, pois a diferença de qualidade às vezes é gritante entre carros fabricados e vendidos na Europa e EUA e  aqui no Brasil.


O  carro para  um adolescente ou um jovem adulto, homem, solteiro, é mais do que um meio de locomoção, as vezes é o único suporte material de sua identidade e  de seu projeto de vida baseado nos bens materiais . As estatísticas mostram que as  mortes entre jovens de 18 a 24 anos é altíssima  no transito ( IBGE, 2010), essa  faixa etária é a que mais se mata no transito, onde o termo acidente não é  o mais correto. Pois não se trata de acidente, mas de irresponsabilidade, imprudência, loucura.  Tentar demonstrar habilidade ao volante é um dos fatores que mais produz  colisões , agressões e  mortes entre jovens no transito.( Rozestraten apud Hoffman, Cruz e Alchieri, 2007).


Na base dessa genealogia perversa que assistimos todos os  dias pelas ruas, estão os apelos incessantes dos filmes, novelas, propagandas que desfilam e  associam carros à velocidade, ao acesso às mulheres, ao sexo, ao poder individual, à liberdade, à prosperidade financeira. Somam-se a esse cenário o apelo das atuais  musicas mais ouvidas entre jovens e adolescentes, onde o carro transformado em objeto de fetiche identitário do dono é, ao mesmo tempo, carro de som, sala de cinema ou de televisão, quarto, motel, e  solução para a solidão, o desprezo, o descaso, o anonimato. Em uma sociedade narcisista (Costa, 1988 apud Caniato e Nascimento, 2010; Birman, 2007), o carro é objeto do gozo narcísico cínico e egoísta que toma o outro a bel prazer como objeto à disposição para seu espetáculo.


O que se tem atrás do volante é um indivíduo que é causa e consequência do modelo social implantado (Rozestraten apud Hoffman, Cruz eAlchieri, 2007). Um indivíduo sem asas, um “tipo”, assolado e vampirizado cuja singularidade e subjetividade foram mercantilizadas, negociadas, esvaziadas, é o “desbussolado” contemporâneo no jargão psicanalítico. (Guiraldelli, 2007; Birman 2007). Essa criatura esta à mercê do próximo lançamento do mercado das identidades luxo, da próxima novidade efêmera e descartável. Subjetividade lixo.


Ao problematizar a mobilidade humana, menciona Verona (2009) na apresentação do “Seminário Nacional Psicologia e Mobilidade: espaço público como direito de todos”, deve-se perguntar sobre os modos de vida impostos pelo sistema capitalista, cujo modelo de subjetividade está solidamente arraigado na liquidez, no hedonismo e  na efemeridade para com a vida.




No fim das contas...


Saiba que quando se compra um automóvel, você esta contribuindo para o progresso. Para o progresso da crise ambiental e climática que assombra o futuro das próximas gerações. Contribui  para o progresso do aumento da desigualdade social, da má distribuição de renda entre as classes e da disputa pelo espaço público. Para o aumento dos oligopólios intercontinentais em uma sociedade que glamoriza multimilionários que protagonizam a absurda concentração de renda baseada em um sistema econômico que esfacela os laços sociais e pra não faltar, está fortemente implicado na destruição ecológica do planeta.


Por outro lado, ainda mais perturbador, os objetos de consumo, como os automóveis, como são mercadorias culturais estão investidas e  associadas a uma estética de existência, plasmadas aos processos de subjetivação contemporâneos. Automóveis e subjetividades fazem parte do mesmo produto, o consumidor, ambos, autômatos, serializados numa reinvenção constante, o que é parte da lógica de seu sistema (re)produtivo que remete ao novo sob o crivo do tornar-se obsoleto. Desse modo a discussão sobre o império do automóvel passa pela problematização de outros impérios e, principalmente àqueles que se referem aos impérios  de controle e produção das narrativas e  das possibilidades de dar sentido à vida, às coisas, ao mundo e aos outros.


Ao situar o comportamento do condutor e dos participantes do transito de maneira geral, é preciso levar tal condição em consideração. O mesmo ocorre quanto ao espaço público, as calçadas, as praças, os parques, as  ruas, as  estradas e porque não os veículos, sua produção, seu planejamento, sua concepção. Para mudar os conflitos no transito e do transito é preciso conceber outros modos do viver e de fazer viver. Isso inclui novas maneiras de planejar e organizar os espaços, as cidades, a mobilidade humana, criando espaços de interação e lazer, espaços de fluxos especiais como transportes e deslocamento para o trabalho e  outros serviços. É uma oportunidade de se pensar e visualizar cidades inteligentes e sustentáveis, e principalmente praticar subjetivações que não reproduzam a clausura do fora em seus modos e relações com o mundo e os outros.


 [1] Psicólogo, Doutorando em Psicologia pela UCES-AR; Professor de Psicologia das Faculdades Integradas de Cacoal/UNESC RO.


Referências:


BIRMAN, J.. Mal Estar Na Atualidade: A Psicanálise e as Novas formas de Subjetivação. 2ª edição, Rio de Janeiro. Editora Record, 2007.




CANIATO, A.; NASCIMENTO, M. L. V. A subjetividade na sociedade de consumo: do sofrimento narcísico em tempos de excesso e privação. Arquivos Brasileiros de Psicologia v.62, n. 2, 2010. Disponível em http://www.psicologia.ufrj.br/abp/.




CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Psicologia e Mobilidade: O espaço público como direito de todos. 1º edição, Brasília DF, 2010. Disponível também em: www.pol.org.br




DENATRAN.  Departamento Nacional de Transito. Disponível em http://www.denatran.gov.br/




GUIRALDELLI, P. O Corpo: Filosofia e Educação. Editora Ática, São Paulo, 2008.




HOFFMANN, M. H.;CRUZ, R M.; ALCHIERI, J. C. (org) Comportamento Humano no Trânsito, 2ª edição, São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.




INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA/IBGE. 2010. Disponível em: http://www.censo2010.ibge.gov.br/.




IPEA (2003). Brasil ocupa o 4º lugar em acidentes de trânsito. Disponível em: <www.terra.com.br/noticias/transito>.




TEBALDI, E.; FERREIRA, V. R. T. Comportamento no transito e causas da agressividade. Revista de Psicologia da UNC disponível em WWW.nead.uncnet.br/revista/psicologia.




WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violencia: Os novos Padrões da violência homicida no Brasil. 1ª edição. Instituto Sangari, São Paulo 2012. Disponível em: www.mapadaviolencia.org.br









Em um relacionamento sério com a rede social


Débora Fabiano[1]




Me “add”?


Algumas brigas de casais são vistas freqüentemente e muitas delas fazem com que os outros sintam uma certa “vergonha alheia”. Um episódio que me chamou muito a atenção foi quando, em uma linda tarde de domingo, numa sorveteria um casal de namorados discutia e o único argumento utilizado pela garota era: “Você ‘adicionou’ aquela lá”. O pior: O garoto diante da situação pedia desculpas como se tivesse agido da maneira mais desprezível possível e sua resposta era: “Somos só amigos!”


Observando a cena, passei o dia refletindo sobre a importância daquele pequeno ato para o casal. Talvez, o garoto não havia sequer tocado ou olhado para “aquela lá” pessoalmente, foi uma cena de ciúmes única e exclusivamente, virtual. A pergunta é: O que há de tão catastrófico nisto?




Sorria! Você está na vitrine


O termo “adicionar” é comumente utilizado pelos adeptos das redes sociais, assim como os termos “curtir”, “compartilhar”, “comentar”, etc. O fato de adicionar uma pessoa à sua rede social, o torna um “amigo” virtual, assim todos podem “bater papo”, ver suas fotos e até comentá-las. Talvez isto seja o que tenha deixado a garota com tanto ciúmes do seu namorado. Mas não sendo suficiente o ciúme cotidiano, da vida real, agora existe também o virtual?


Atualmente, a rede social, assim como é capaz de manter-nos conectados a amigos ou familiares distantes, talvez possa nos afastar de pessoas próximas. Como? Praticamente todas as informações de sua vida estão expostas em uma página, assim como fotos, recados e comentários pessoais. Quer saber se “fulano” namora? Entra lá! Quer saber se está solteiro? Idem! “Nossa! Não acredito que eles terminaram!”


Isto mesmo, sua vida está completamente exposta como em uma vitrine. Não acha que o relacionamento precisa estar bastante estável e ambos precisam ser bem maduros para agüentar tamanha exposição? A suposta “aproximação” dos homens com outras mulheres ou vice e versa, parecia representar uma possível ameaça ao relacionamento amoroso da garota.




Somos “amigos”!


Segundo Buss (2003), a amizade entre homens e mulheres teria suas vantagens específicas para ambos: para as mulheres, proteção, informações sobre o sexo oposto e auto-estima; para os homens, companhia, informações e contato com prováveis futuras parceiras.


Seria, então, este um processo inconsciente, onde tanto a mulher quanto o homem sabem que existem certos interesses e sentem ciúme por isto? Mas que a amizade é esta que se estabelece nas redes? Um ser humano exposto em uma tela, cheio de qualidades, que, muitas vezes, não é aquilo que parece ser e tem a necessidade de se expor como em um espetáculo.


Sim, vivemos em uma “sociedade do espetáculo” como postula Debord (1992), onde “o espetáculo que inverte o real é produzido de forma que a realidade vivida acaba materialmente invadida pela contemplação do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem espetacular pela adesão positiva.”


E mais uma vez a ideia da “vitrine” é reforçada. O amor é capaz de suportar este “espetáculo virtual”? O “amor” da garota da história parece não estar suportando seu namorado tão exposto ou as mulheres tão expostas e, possivelmente, mais “acessíveis” ao seu namorado. O que de fato tanto a incomodava, somente ela poderá dizer.


Uma coisa é certa: “o amor correspondido é fonte de felicidade e incrementa a auto-estima.” (Dócolas, s/ano). Auto-estima esta que está em falta em muitas mulheres e homens. Os amores não correspondidos justificariam esta questão? Talvez. Mas arrisco a dizer que neste relacionamento talvez falte uma pitada de maturidade e autoconfiança.




Vivendo online


Será que o relacionamento está tão ruim assim que o tema do casal em um domingo ensolarado, tomando seu sorvete é aquela “amiguinha” da rede social? Talvez este seja o grande erro e o que mais leve às discussões nestes casos, o manter-se “on” mesmo estando “off”, insistir na briga por algo única e exclusivamente virtual. Uma relação amorosa é mais que isso, é estar junto, é tocar, sentir o cheiro. Em que parte do caminho isto se perdeu?


Torço, enormemente, para que a garota da história consiga entender que sua relação deve ter por base a confiança, independente de seu namorado “adicionar”, “curtir” ou “compartilhar” qualquer coisa que a desagrade, afinal, a vida vai muito além de uma simples rede social.


 [1]Graduanda em Psicologia, Faculdades Integradas de Cacoal-RO


Referências:


BUSS, David. M. Evolução do Desejo: Estratégias de acasalamento humano. 2. Ed. Nova York, BasicBooks, 2003.




DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. E-book digitalizado por Coletivo Periferia e eBooks Brasil, 2003.




DÓCOLAS, J. L. Especulações sobre o amor. Disponivel em: http://www.sig.org.br/_files/uploads/image/especulaessobreoamor.pdf. Acesso em 20. set. 2012








Samba de uma nota só


Marcelo Borges[1]


Bom dia Noticia!


Ao acordar e ir até o escritório do meu irmão pegar o jornal matinal, me deparo com a indignação de alguns funcionários que lá trabalham,comentando uma publicação feita em um jornal popular, sobre algo de uma novela que abordava o tema das novas estruturas familiares: havia um personagem que possuía três famílias com mulheres diferentes.


Indignado e com um sorriso um tanto quanto sarcástico, alguém verbaliza seupensamento com um comentário, diante dos presentes e alguns clientes que costumam frequentar aquele espaço: - Onde este mundo vai parar?Já pensou se fosse o contrário, uma mulher com três maridos? É o fim!Afirma e continua suas pontuações:É, mas hoje em dia está tudo de cabeça para baixo mesmo, homem com homem, mulher com mulher e esta “sem vergonhice” toda só piora é o fim dos tempos e ainda tem um monte de “viado” querendo adotar filho e casando com papel passado etudo, finaliza.


Dentre os olhares dos espectadores,havia a concordância de alguns e olhares desconfiados de outros.




O despertar da consciência


Fato parecido, porém, em um mundo acadêmico, acontece quando um aluno de Direito pergunta ao professor, quando lecionando o tema da formação da personalidade humana segundo Freud e os conceitos jurídicos de Trindade (2010) sobre o complexo de Édipo no menino e na menina e os Direitos Humanos na atualidade, tanto da mulher quanto do homem, e indaga:


_ Professor, na sua opinião você acha que se um casal homoafetivo adotar uma criança, ela também se tornará gay ao crescer, uma vez que você disse que somos reflexos da criação de nossos pais?


Percebia-se na questão, mais um tom de curiosidade e aprendizagem do que uma suposta homofobia, o que foi prontamente devolvida com um questionamentodo professor que os levassem a pensar: _ Se os gays têm pais heterossexuais, então o por quêa sua homossexualidade?




Não é o samba do Crioulo doido


 “Tudo o que resta é fingir. Mas fingir até o fim da vida é o pior tormento”.


(Peter Tchaikowsky, depois de seu casamento em 1877, Isay, Richard, pag. 83).




Ao depararmos nos dias de hoje com conceitos tão arcaicos como o do tempo da inquisição, em que as “bruxas” eram queimadas vivas por praticarem a manipulação das ervas ou por suas danças em volta do fogo; quando os “infiéis” que não professassem a religião dominante também eram punidos, pasmem também vocês Senhoras e Senhores, que comentários e pensamentos assim, tão impregnados de valores morais e com tão pouco conteúdo de valor e de respeito ao próximo; em que a liberdade humana em sua diversidade é tolhida em todas as suas instâncias, por falsos conceitos morais ou por uma hipocrisia social, está mais presente em nossa sociedade em pleno século 21.


Não estamos aqui desmerecendo a importância do papel familiar, porém ,a família do mundo moderno deve ser um lugar acolhedor, em que o amor transcenda todas as barreiras e que haja um ambiente afetivo proporcionado a todos os seus componentes, sejam eles de quaisquer cor, raça, religião ou orientação sexual.


O caráter do ser humano não deve ser julgado apenas por base nos princípios pessoais ou religiosos que um ou outro possa escolher para si,valores baseados em conceito de certo ou errado, onde o “superego” (um juiz acusador que faz parte do aparelho psíquico humano, segundo Freud, citado por Lindzey & Hall,2000, pag. 54”) sem preparo com uma boa educação ou carregado de fatores de crenças religiosas, faça o julgamento da moral alheia e esqueça da importância de respeito às diferenças.


As funções da família, hoje em dia, são repartidas com outras agências socializadoras, como as instituições educacionais. (Bock, 2002,pag. 254), e se este é um fator que não podemos desprezar, tudo o que está em volta influencia o humano em seu desenvolvimento, ainda mais hoje com o mundo globalizado.


As mulheres, os homossexuais e os menos privilegiados hoje em dia, por sua vez, devem saber que a lei os ampara em igualdade de direito. Todos os cidadãos brasileiros são iguais perante a lei e se pudermos ampliar nossas mentes mais adiante, somos todos iguais perante “Deus” e isto é inquestionável, se utilizarmos o fator fé.




A educação nossa de cada dia.


A lei não é uma regra que vem de cima para baixo, ela foi criada para a melhor convivência ente cidadãos, estabelecendo padrões sociais, ou seja, o seu direito termina, onde começa o direito do outro. A Lei não deve ser um padrão rígido e permanente, e sim um padrão evolutivo, visando o bem estar da sociedade e adaptando-se aos novos sistemas que a evolução humana vem desenvolvendo.


Os juristas modernos atuais estão cada vez mais convencidos desta realidade, ao ponto de reconhecerem famílias homoafetivas, filhos com dois paise uma mãe no registro ou duas mães e um pai, como aconteceu recentemente no interior de São Paulo, em que um filho teve o direito reconhecido de ter o nome de sua mãe biológica (falecida) e de sua mãe afetiva em sua certidão de nascimento.


Parafraseando Bettelheim (1980), embora seja difícil senão impossível pensar verdadeiramente segundo o outro, é necessário voltar à criança dentro de nós para uma visão animista do valor humano.


O conceito de família evoluiu, os laços de sangue resultam da descendência, a afinidade se dá com a entrada dos cônjuges e seus parentes que se agregam à entidade familiar pelo casamento. Portanto, não foi o Estado que criou a família, ao contrário a família faz o Estado e a Pátria com sua cultura e normas sociais.


O que seria melhor, país com pessoas felizes e livres em sua plenitude para viver em harmonia ou uma sociedade hipócrita de conceitos vis e arcaicos,com crianças jogadas em abrigos, sem um lar onde possa ser amada?


Nesta visão machista e arcaica fica a pergunta: até quando tocaremos este samba com uma nota só?


 [1]Psicólogo especializado em Psicopatologias, com trabalho e experiência em Dependência Química, desenvolvido na SEAS (Secretaria do Estado de Assistência Social e Direitos Humanos- Amazonas) e CONEN-AM. Professor de Psicologia Aplicada ao Direito na UNESC-RO e Psicologia na FAP-RO.


REFERÊNCIAS:


BETTELHEM, B. A Psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.




BOCK, A. M..Psicologias, uma introdução ao estudo de psicologia- 13 ed. SP: Saraiva, 2002.




ISAY, R. A. Tornar-se gay: O caminho da auto-aceitação. SP: Summus, 1998.




LINDZEY& HALL,Calvis, Gardner.Teorias da Personalidade – 4ª ed. –Poa: Artes Médicas Sul, 2000.




TRINDADE, J.Manual de Psicologia para Operadores de Direito, 4ªed. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010.








Sobre o amor como forma de dominação


Fábio Belo[1]




“sem espalhar água! Sem bagunça!”


Nesse último feriado, estava num hotel, nadando na piscina infantil com meu filho de dois anos de idade. Ao meu lado, um pai e sua filha também se divertiam. Ou nem tanto. A cena me chamou a atenção: quando a menininha, também com 2 ou 3 anos, começava sua algazarra, batendo os bracinhos e espirrando água, o pai logo intervinha: “sem espalhar água! Sem bagunça!”. Ora, pensei, se não era ali o lugar da bagunça, onde mais? Se ali ela não pudesse “molhar” o pai à vontade, quando poderia?




E por falar em amor...


            A cena é ensejo para pensar no amor como modo de dominação. De forma geral, temos horror a pensar nisso. Idealizamos o amor como um tipo de afeto entre duas pessoas que irá sempre trazer coisas boas, liberdade mútua, respeito. De acordo com a visão popular, tudo que acontece entre duas pessoas, mas que não seja marcado por essa positividade idealizada, não merece o nome de amor. Ainda continuamos platônicos: o amor é o encontro entre almas gêmeas, onde tudo se encaixa, onde tudo é perfeito e sem arestas. A meu ver, é importante criticar essa imagem idealizada, pois é fácil acusar o outro de não saber amar caso não sejamos atendidos em nossos desejos. Antes de comentar esse ponto, permitam-me comentar a cena prosaica acima, interpretando um poema de Ricardo Reis:


Não só quem nos odeia ou nos inveja


Nos limita e oprime; quem nos ama


                Não menos nos limita.


Que os deuses me concedam que, despido


De afectos, tenha a fria liberdade


                Dos píncaros sem nada.


Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada


É livre; quem não tem, e não deseja,


                Homem, é igual aos deuses.[2]




            O poeta certamente exagera: não ter afetos é ser livre. Exagera porque a sensação de liberdade provém de um eu que foi construído a partir da relação (amorosa) com o outro. Deve haver um eu que diga: “sou livre!”. Ora, esse eu só pode ter sido fruto de relações amorosas e políticas historicamente determinadas, portanto, fruto de afetos e para sempre tributário a eles. Libertar-se deles implicaria em livrar-se de si mesmo. A metáfora do caminhão desgovernado é válida aqui: o caminhão que desce, ladeira abaixo, sem freio e sem motorista, não é uma boa imagem para a liberdade. Melhor seria a metáfora do caminhão que pode seguir seu caminho, mesmo que obedecendo a certas regras, negociando com outras etc... A “fria liberdade dos píncaros sem nada” é tão terrível, assim me parece, como a liberdade do caminhão desgovernado.


            No mesmo hotel, a mesma cena se repetia entre diversos filhos e pais – eu incluído: não toque nisso, não faça aquilo, volte aqui, agora não, vamos tomar banho, vamos dormir... A criança precisa de limite. Liberdade, do ponto de vista da criança, não pode ser confundido com um tudo-fazer ou um tudo-poder. Ao contrário: liberdade parece ter a ver com fazer a partir do olhar e da palavra do outro, atravessado pelo sentido que o outro dá à ação da criança. Ao mesmo tempo em que essa palavra qualifica a ação da criança, também pode oprimi-la.




O amor também oprime


            O ponto do poema que me interessa é essa idéia fundamental a desenvolver: o amor também nos limita, também nos oprime. Talvez o pai da cena narrada quisesse ensinar à filha os bons modos de uma menina. Que isso tenha me parecido um excesso – freio demais no caminhão – depende exclusivamente do que podemos discutir sobre como deve se comportar uma criança dentro de uma piscina e, mais genericamente, sobre como devem se comportar as crianças, a quê devem ser estimuladas, quando e de que maneira. Não importam quais regras desejemos impor: essas regras sempre existirão, por mais amorosas que sejam, por mais suaves que possam ser enunciadas. E nesse sentido o amor oprime. Tanto quanto o ódio ou a inveja, como salienta o eu-lírico. Já me vali, em outro texto[3], de uma passagem brilhante de Winnicott que explica o efeito positivo dessa dominação no amor:


A criança cujo lar não conseguiu dar-lhe um sentimento de segurança procura fora de casa as quatro paredes que lhe faltaram; tem ainda esperança e busca nos avós, tios e tias, amigos da família e na escola o que lhe falta. Procura uma estabilidade externa, sem a qual enlouquecerá. Fornecida em tempo adequado, essa estabilidade poderá consolidar-se na criança como os ossos no seu corpo, de modo que, gradativamente, no decorrer dos primeiros meses e anos de vida, passará da dependência e da necessidade de ser dirigida para a independência. (Winnicott, 1979, p. 257, grifos meus)[4]




            No artigo citado, ainda comentei: pode-se notar que Winnicott subverte a idéia de que a criança sem limites, sem um sentimento de segurança, está entregue ao prazer e se sente absolutamente livre. Ao contrário, ela precisa de limites para se sentir livre e para não enlouquecer. Caso a criança não consiga fazer desse controle algo interno – é curiosa a metáfora dos ossos utilizada por Winnicott – ela tentará fazer com que esse controle seja externo: “a criança anti-social, doente, sem oportunidade para criar um bom “ambiente interno”, necessita absolutamente de um controle de fora para ser feliz e estar apta a brincar ou trabalhar” (ibid., p. 259).




Água pra todo lado


            Pensar sobre essa cena e todas as outras de pedagogia amorosa entre um pai e seus filhos nos ajuda a compreender um dilema filosófico importante. Como indivíduos modernos, atravessados pela moral burguesa e por valores liberais, temos desconfiado cada vez mais de qualquer tipo de tutela, qualquer tipo de outro que se arrogue saber o nosso bem. O velho bordão “faço isso por seu bem” nunca foi tão atacado quanto agora, num tempo no qual tememos privar a criança de sua autonomia.


O dilema está no fato de que todos os nossos valores são transmitidos, mesmo esse ligado à moral burguesa, defensora da liberdade individual. Também faz parte dessa moral a ideia de que só somos livres numa sociedade em que certos valores são compartilhados e respeitados. É isso o que a cena me causou: o pai parecia bem intencionado ao educar a filha, mas me pareceu excessivo. Não há solução fácil para esse tipo de pedagogia. As fronteiras entre a dominação e o ensino são sempre movediças. A solução está – ainda obedecendo à tal moral burguesa – em manter espaços públicos de discussão sobre como educar, como reavaliar limites.
            Os frios píncaros do desafeto e a suposta liberdade ali encontrada não valem o sorriso da menininha que, mesmo sobre as críticas do pai, insistia em jogar água pra todo lado. Não estamos longe dos dilemas morais que irão se desenrolar a partir daqui: a distinção entre a demanda que endereçamos ao outro e o desejo que temos de fazê-lo se submeter ao nosso desejo. Não me parece possível retirar a carga sádica da crença “se você não faz isso por mim é porque você não me ama”... Ora, demandar algo do outro – que pare de espirrar água, que ele pare com aquela mania que nos incomoda, que ele pare de fazer o que nos obriga a renunciar a ele etc... – implica, sempre, em aceitar que o outro pode recusar. Entender que isso não é desamor, mas prática conjunta de liberdade é o que podemos chamar exercício ético dos contratos amorosos.



[1]Psicólogo, Mestre em Teoria Psicanalítica e Doutor em Estudos Literários (UFMG). Professor Adjunto I de Psicanálise e Relações Objetais, no Departamento de Psicologia, da UFMG. www.fabiobelo.com.br
[2] Poema datado de 1-11-1930. In Pessoa, Fernando. Odes de Ricardo Reis. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994), p. 126.
[3]BELO, F. R. R. . Os efeitos da violência na constituição do sujeito psíquico: uma análise de Cidade de Deus. Psyche (São Paulo), São Paulo, v. VIII, n.14, p. 77-94, 2004.
[4]Winnicott, D.W. Aspectos da delinqüência juvenil. In. A criança e seu mundo. Trad. Álvaro Cabral. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979, pp. 256-261.




EXTENSÃO em [Cena]: 

Projeto de Extensão “Mulher Viva” no 3º Simpósio sobre a “Lei Maria da Penha”
O prof. Cleber Assis, docente do curso de Psicologia da UNESC, junto com as discentes Lucineide Santana, Simone Muniz e Nádia Valéria participaram nos dias 11 e 12 de setembro, no auditório da UNIR, do 3º Simpósio sobre a lei Maria da Penha, promovido pelo Ministério Público em parcerias com a Delegacia da Mulher, Fórum de Justiça, Centro de Referência em Assistência Social e UNESC. O projeto de extensão do curso de Psicologia (Viva Mulher) foi apresentado com a intervenção psicossocial “Construindo relações amorosas sem violência”, ministrada para cerca de trezentos adolescentes de escolas públicas e particulares de Cacoal. 

“Precisamos atuar na frente da prevenção às diversas formas de violências entre gêneros e o melhor caminho é desenvolver ações educativas e preventivas junto aos adolescentes que se encontram em fase de começo de relacionamentos amorosos”, afirma o coordenador do projeto, prof. Me. Cleber Assis.
Fonte: http://www.unescnet.br/Noticias/DetalheNoticias.asp?Valor=%20548




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Orientação para submissão de trabalhos: 1) Público-alvo: estudantes, pais, educadores; 2) Pede-se linguagem acessível, de contribuição psicossocial, mas sem o formato acadêmico clássico; 3) Priorizar temática com relevância social, a partir do campo psi em suas diversas teorias e abordagens; 4) Formato do artigo: média de 800 palavras, fonte garamond 12; 5)Metodologia “Cenas”: buscar a seqüência de “cenas” cotidiana, contemporânea, pática e outras (profiláticas/interventivas etc); 6) Além de artigos, poderão ser submetidos materiais inéditos de outros formatos: poesia, charges, crônicas, breves contos etc 7) Email para envio: kebelassis@yahoo.com.br


EM BREVE:
 [Cenas]
O Cotidiano sob os olhares da Psicologia e da Psicanálise
O Livro
Ana Mercês Bahia Bock (Apresentação)
Cleber Lizardo de Assis (Organizador)

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