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Obra produzida durante
a Pesquisa Arte e Saúde Mental com Usuários do CAPS de Cacoal-RO, projeto de
iniciação científica de Judite Dias de Lima e Prof Ms Cleber Lizardo de Assis
Editorial:
Apresentamos o Cenas, edição 18, dez. 2014,
Relações: com o outro, consigo, edição comemorativa de 5 anos de
existência, com uma diversidade de cenas cotidianas sobre a relação inter e
intrapessoal, discutidas sensivelmente pelos olhos da Psicologia.
O artigo inicial, que abre, Dois
problemas sobrepostos: Ciúmes e Aparência, traz uma sobreposição entre
dois temas-fenômenos atuais, onde mesclam confusões de sentimentos; O artigo A Mal
Amada: sobre os conflitos entre beleza interior e exterior aborda a
velha questão, mas pertinente, da beleza externa x interna;
Na sequência, Desrespeito ao idoso no trânsito e
Dificuldades
de lidar com o outro nas relações interpessoais confronta duas cenas
corriqueiras de interação grupal e social, que devem ser redesenhadas no
cotidiano;
O último artigo, Natal, solidariedade e exclusão
social (?) provoca-nos acerca de certo mal-estar que perpassa esse
período festivo de final de ano.
Na
seção Cena-Poética, dois trabalhos, Saudade da solidão (solidão da saudade) e
Sonho
dançante, jogam com as possibilidades de significar algumas cenas que
habitam a alma.
Novamente, abrimos essa edição com um
dos trabalhos artísticos em que a Psicologia dialoga com a arte pela promoção
da saúde mental.
Boa
leitura e boas cenas!
Prof Ms Cleber Lizardo de Assis, Editor
Dois problemas sobrepostos: Ciúmes e
Aparência, Vilson
Barbosa........................03
A Mal Amada: sobre os conflitos entre
beleza interior e exterior,
Adenise
de Oliveira,................................................................................06
Desrespeito ao idoso no trânsito, Judite Dias de Lima................................................11
Dificuldades de lidar com
o outro nas relações interpessoais,
Aline Letícia da Vitória....................................................................14
Natal, solidariedade e exclusão social
(?), Núbia
Manske..........................................18
Sonho dançante, Priscila Garcia da
Silva.........................................................21
Saudade da solidão
(solidão da saudade), Natália
Gregório.........................21
CHAMADAS DE ARTIGO 2015 ..................................................................................22
Dois
problemas sobrepostos: Ciúmes e Aparência
Papo no ´busão´
Era um dia comum, um desses em
um “buzão” cheio de acadêmicos rumo a mais uma jornada na faculdade, era uma
tarde calorosa com seus 35°C de calor, estava eu sentado em uma poltrona situada
ao meio do ônibus, ia distraído sentindo o vento quente que entrava pela
janela, entretido e encantado com a paisagem seca, “pensando na vida”, até que comecei
a prestar atenção involuntariamente nas conversas, havia alguns garotos do lado
entretidos com alguma coisa que estavam escutando em seus celulares, outros de
alguma forma (talvez cansados por algum motivo) conseguiam dormir com todo
aquele calor e barulho, algumas meninas iam lendo algum tipo de apostilas,
talvez materiais da faculdade.
Mas o que mais me chamou a
atenção (talvez como um futuro psicólogo, à época) foi uma conversa de duas
garotas que estavam sentadas exatamente atrás de mim, chamava a atenção pelo
tom de voz de uma delas falando indignada para a outra, sobre algo que estava
acontecendo na sua casa: ela falava revoltada de sua mãe para sua amiga, dizia
que, depois de vinte anos que teve a única filha (no caso, essa menina que
falava), de ter feito algumas plásticas e outros tratamentos de estética, ela
dizia que sua mão (mãe) estava com um corpo lindo, mas que tinha tomado uma
decisão que de ter outro filho, o que a deixou revoltada
e contra a vontade da mãe, pois não queria que a
mãe ficasse “feia” após ter outro filho, e questionava
“como é que
agora que ela tá com ‘tudo em cima’ vai ter outro filho? Vai estragar o corpo
todo”.
Durante o percurso do ônibus e
depois desse acontecimento vim me questionando: Até que ponto vai à vaidade?
Vale à pena estragar um plano de gerar um filho por vaidade? Como uma pessoa
não compreende algo tão grande como esse, apenas por vaidade? Ou seria apenas
uma revolta, pois sabia que, com a chegada de mais um irmã/o, ela perderia o
posto de “queridinha” pelos pais? Seria toda a revolta motivada por ciúmes?
Uma coisa não é outra coisa
Como
o assunto engloba tanto a questão da “revolta por deixar de ser filho único”
quanto à questão da “estética e aparência”, falaremos um pouco dos assuntos no
geral, para que possamos perceber que ambos são mais comuns do que imaginamos.
No entanto, ensina-nos como uma “justificativa” ou opinião aparentemente
altruísta, esconde intenções egoístas.
Na
questão estética/aparência, atualmente um dos temas mais comentados da
atualidade, passa a ser adotada por algumas pessoas como algo de mais
importância para elas. Isso tudo por que somos manipulados diariamente pela
mídia, sejam revistas, jornais e principalmente os programas de televisão, que
impõe às pessoas uma imagem corporal perfeita.
Essa
superproteção da imagem corporal da mãe pela filha talvez seja uma forma de
desviar o verdadeiro sentimento de não querer “dividir” os pais com mais um irmão/irmã;
mas isso não surge do nada, normalmente essa “revolta” se apresenta nas
primeiras idades quando normalmente, na maioria das vezes, os casais optam por
mais um filho, é provável que toda essa revolta esteja acontecendo por esse
motivo, e manifestada através dessa “preocupação” com a imagem corporal da mãe.
Sobre imagem corporal e ciúmes
Em
tempos que o corpo se encontra em evidência, o fator “imagem corporal” é um
tema de difícil mensuração, com, fatores psicossociais, físicos e
fisiológicos, tudo influencia na definição desse tema (Knijnik & Simões,
2000). Uma pesquisa realizada recentemente, aponta que cerca de 51,1% das
mulheres estão insatisfeitas com sua imagem corporal (FREITAS, LIMA, COSTA e
LUCENA FILHO, 2010).
A imagem corporal é uma ilustração
que se tem na mente sobre o tamanho, forma e imagem do corpo, como também aos
sentimentos que estão relacionados a essas características bem como às partes
que o constituem. Assim, a imagem corporal envolve diversos fatores que se
inter-relacionam, como os perceptuais, de atitude e emocionais (Almeida,
Santos, Pasian e Loureiro, 2005).
De acordo com Becker (1999), a
avaliação da autoimagem corporal acontece a partir da interação com o meio,
assim a autoimagem é desenvolvida e pode ser reavaliada de forma contínua
durante a vida inteira.
Já o ciúme seria caracterizado
por três propriedades: ocorre no contexto de um triângulo social de relações; a
relação entre a pessoa enciumada e a pessoa querida precisa ser próxima e
valiosa; e o ciúme é disparado pela perda real ou iminente dessa relação para
um rival. Assim, o ciúme pode ocorrer em relações não românticas,
vinculando-se, entre outras coisas, à perda da atenção da pessoa querida. Desse
modo, irmãos pequenos reagem uma perda (real ou fantasiosa) de atenção
quando um dos pais lhes “retira” o foco e interage com o outro filho (PEREIRA e
PICCININI, 2011).
Dizendo o que realmente se deseja
O ciúme pode acabar se
tornando o principal causador dos outros fatores, como vimos pois faz com que
as pessoas não raciocinem direito, como na nossa cena, os personagens deixam de
ver todos os lados do acontecimento e passam a observar apenas o que lhe fazem
interesses, esquecem o próximo.
Talvez,
o mais certo a se fazer no caso da menina da cena inicial, seria um bom dialogo
junto com a mãe, sendo que essa conversa com amigas ajuda a desabafar, a falar
o que sente, embora de forma limitada, mas não vai resolver o problema; daí, o
mais indicado seria chamar a mãe, contar o que se passa, o que ela esta
sentindo em relação a tudo isso, se é de fato devido à aparência corporal da
mãe ou se é o fato de ter que “dividir” a mãe com mais um irmãozinho. Ou seja,
nada melhor do que conversar e confessar tudo a ela.
Mas
falar o que se deseja e o que se teme realmente, quase sempre nos faz distorcer
o que acabamos por dizer.
Psicólogo formado pela UNESC - Faculdades Integradas de Cacoal.
Referências
ALMEIDA
G.A.N., SANTOS J.E., PASIAN S.R., LOUREIRO S.R. Percepção de tamanho e forma
corporal de mulheres: estudo exploratório. Psicologia Est., 2005.
BECKER,
B. O corpo e sua aplicação na área emocional.
Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital nº, 1999.
FREITAS, C.; LIMA, R.; COSTA, A.; LUCENA FILHO,
A. O padrão de beleza corporal sobre o corpo feminino mediante o IMC. Revista
Brasileira de Educação Física, São Paulo, v.24, n.3, p.389-404, jul./set. 2010.
KNIJNIK, J.; SIMÕES, A. Ser é ser percebido:
uma radiografia da imagem corporal das atletas de handebol de alto nível no Brasil.
Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.14, n.2, p.196-213, 2000.
PERREIRA, C.; PICCININI, C.; Gestação do segundo
filho: percepções maternas sobre a reação do primogênito. Estudos de
Psicologia, Campinas, 20011.
A mal Amada: sobre os conflitos entre
beleza interior e exterior
Adenise
de Souza Oliveira
“Fazer
uma fenomenologia da corporeidade não é descrever um corpo, mas sim a qualidade
e os significados de uma experiência, que esteja intimamente relacionada com
este corpo” (REHFELD, 2004).
Quero ser outra!
Certo
dia me deparei com uma mulher bem sucedida, bonita, com nível superior, concursada
em um ótimo serviço, com casa própria, carro,
simpática, educada e querida por todos, porém magoada, ferida, chorando muito e
com auto estima baixa porque tinha sido trocada por outra pelo seu namorado.
A
ocasião da cena aconteceu em uma sorveteria e no momento em que desabafava com
suas amigas sobre o acontecido, passou uma mulher toda musculosa quando vários homens da mesa ao lado mexeram. Então ela viu
os homens mexendo e disse: “Eu quero ser
assim toda musculosa, para onde eu passar causar com os homens”. Todavia me
perguntei: O que faz uma mulher magoada, com a autoestima baixa e com tantas
qualidades querer procurar beleza exterior ao invés de procurar tratamentos
psicológicos para ajudar a resolver os conflitos existentes dentro de si, que a
deixa para baixo?
Interior
Versus exterior:
A
cena acima nos demostra uma situação de uma moça com autoestima baixa fazendo
interrogações negativas sobre seu próprio corpo e esquecendo-se de suas
qualidades. Esse tipo de cena é comum em mulheres, desejando ter um corpo que
corresponde às expectativas físicas de outras mulheres que desviam olhares e
arrancam suspiram dos homens.
Então: A moça da cena
inicial tem todos os atributos que a sociedade
julga ser de valor. Mas, ainda que na sociedade não predominasse esses
atributos a mesma tem que se valorizar como é! Se olhasse seus conteúdos, se
amaria do jeito que és, o que o tempo não rouba e não acaba ao contrário do
exterior, mas não! Está magoada e não consegue enxergar suas qualidades e sim,
coloca defeito em si, e começa se julgar da forma que ela se vê, por não ser
mais vista pelo amado que a rejeitou, achando que só mulheres musculosas é que
chamam a atenção dos homens. É claro que chamam atenção! Mas tem aqueles homens
que não querem só um corpo musculoso, querem um “pacote completo”. Um bom papo,
humor, carisma, educação e etc.
Não que as musculosas
não tenham esses atributos, mas na cena que estamos debatendo, a moça não
consegue enxerga sua beleza interior e tenta buscar a exterior e o que apenas
alguns homens cobiçaram. A moça estava abalada emocionalmente, devido ao
abandono do namorado. Para que fique claro cito Araújo (2009), que vem
afirmando que beleza não é tudo, e que os indivíduos costumam priorizar outras
características que possa trazer algum ganho como a inteligência,
companheirismo, honestidade, fidelidade características estas mais importantes
do que beleza e poder aquisitivo. Mas, ainda me pergunto: Como fazer a moça se
enxergar nessa dura e árdua tarefa de valorizar seu interior?
Escutando
uma música ouvi uma cantora valorizando a beleza exterior e vangloriando que
arrumou outro namorado porque cuidou da sua beleza exterior. Mas já pensou se
acontecesse novamente a experiência desagradável do relacionamento anterior,
mesmo estando ela com o corpo desejável? Pois, como disse Pitágoras: “Purifica
o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel
mais doce azeda num recipiente sujo”. Será que a Cantora estaria
preparada para estar em um novo relacionamento? Voltando à música, ela dizia: “Pintei, o meu cabelo me valorizei; Entrei na
academia eu malhei, malhei; Dei a volta por cima e hoje eu mostrei um novo
namorado”.
A
Imagem Corporal
O
conceito da imagem corporal (Capeletto, 2010) refere-se à imagem que
representamos em nossa mente como queremos nosso corpo, buscando intervenções
motoras e psíquicas na busca do desenvolvimento do corpo, para a realização
pessoal. Ainda me pergunto: E se o corpo
não corresponder ás expectativas em relação à imagem corporal do indivíduo? Não
ficaria ainda pior com sua subjetividade? Os indivíduos estão buscando a
aparência física devido os ambientes que frequentam, à mídia, a cultura para
ser aceito, não conseguindo enxergar o seu “eu” interior como deveria ser, se
frustrando cada vez mais quando não chega a maneira que idealiza exteriormente.
Ainda
segundo (Capeletto, 2010), os aspectos psicológicos devem ser considerados na
prática dos exercícios de musculação, pois as mulheres apresentam distorções da
autoimagem no sentido de subestimação e superestimação. Já segundo um estudo de
Rodrigues, Alencar, Costa e Ferraz (2010) As mulheres buscam mais os exercícios
de musculação em prol dos benefícios da estética do que saúde e a qualidade de
vida.
Não
que os exercícios físicos de musculação não fossem bons, e que pessoas com boa
autoestima não pode fazer os exercícios da musculação, mas a busca do “corpo
perfeito” às vezes não é alcançada e, além de frustrações, pode levar ao uso de
anabolizantes ou métodos inadequados que levam danos à saúde.
Autoestima
Para Branden (1998), a forma como nós nos
sentimos é algo que afeta todo nosso ser, nossas experiências, desde como
agimos em casa, nos relacionamentos, com os pais, no amor, no sexo e até nas
metas desejadas. Então se pensamos negativamente sobre quem somos, é claro que
desejaremos ser quem não somos e assim desencadear vários dramas, dos quais
poderemos não sair, até gerar traumas para o
resto de nossas vidas. O Fato é: “O que acontece no nosso cotidiano são
reflexos que temos de como nos vemos”.
Quanto
maior a nossa autoestima, mais força teremos para enfrentar as diversidades da
vida, maior a probabilidade de sermos criativos em nosso trabalho, mais
audaciosos tendemos a ser. Maiores serão as nossas possibilidades de mantermos
relações saudáveis às relações destrutivas, pois, assim como o amor atrai o
amor, a saúde atrai a saúde, a vitalidade e a comunicação atraem mais do que o
desejo de ser notado (Branden, 1998).
A
autoestima nada mais é que: “A chave para
o sucesso ou para o fracasso, isso vai depender de como você se avalia”.
Tudo é
uma Questão de Escolha e Prioridade!
Costumo dizer: “Se a beleza está nos olhos de quem vê, quem
não vê beleza em nada, precisa tratar a cabeça e não os olhos”, pois á beleza é levada em consideração pois chama atenção,
mas depois de 15 minutos olhando a beleza, a pessoa vai precisar de outros
conteúdos que a faça interessante.
Que a moça da cena
procure uma academia de musculação, mas espero que chegue uma hora em que ela consiga ter sabedoria e discernimento para
enxergar suas qualidades como mulher e procure um Psicólogo que lhe ajude a avaliar, identificar e modificar o que a
deixa com a autoestima baixa, aliviando suas angustias e anseios, ajudando a se
descobrir mais, desejar-se mais, se conhecer melhor, amar-se, tomar consciência
que a felicidade só depende dela mesma, aceitar-se da maneira que é, por que
grandes mudanças começam de dentro para fora. Amor próprio, antes de amar outro
ente querido! Pois quando está bem consigo mesmo consegue contagiar as outras
pessoas com o amor que tem por si.
Na
sociedade que vivemos hoje, presencia-se supervalorização de atributos físicos
(bumbum grande, coxas grossas, barriga de tanquinho etc). Por isso, você que lê
este texto, considerando o contexto religioso, a Bíblia relata uma história “do
que é ser uma mulher notável”, essa se chamava Abigail e era a mulher de bom entendimento, inteligente, corajosa, ousada,
pacificadora, sábia, humilde, mansa, compreensiva e dócil, todas essas
qualidades estavam além de formosura. Esses são as qualidades que Abigail tinha
e que seu esposo Nabal valorizava como uma mulher de caráter e incrível, se
dedicando a ela com amor. (I Samuel 25:1 a 42).
E quando eu escolhi o
tema: “A Mal Amada”, não estava me referindo mal amada pelos outros, mas por si mesma, por tentar apagar o que está estampado para
todos e para ela mesma: as grandes qualidades que possui, chamada de: BELEZA
INTERIOR!
Psicóloga formada pela UNESC – Faculdades Integradas de Cacoal - RO
REFERÊNCIAS:
REHFELD,
A. Corpo e Corporeidade: uma leitura
fenomenológica. Revista de Psicologia do Instituto de Gestalt de São Paulo,
n.1, 2004.
RODRIGUES, B.T.; ALENCAR, K. A.; COSTA, P.P.S.; FERRAZ, L. Perfil dos praticantes de musculação das
principais academias de Araguaína – TO. Revista científica do ITPAC,
Volume 3. Número 1. Janeiro de 2010. Disponível em: http://www.itpac.br/hotsite/revista/artigos/31/6.pdf
Desrespeito
ao idoso no trânsito
Disputando espaços
Ao observar uma cena, entre um
senhor idoso e um jovem no trânsito, constatam-se as dificuldades enfrentadas
nessa relação: idoso/Jovens idoso/trânsito. No momento, dois carros foram estacionados
o senhor abriu a porta de seu carro e em seguida uma senhora do outro carro fez
o mesmo e mencionou sair deste, porém ambas as portas dos carros colidiram e o
condutor jovem aparentado pouco mais de 20 ficou muito irritado, pois seu carro
era um modelo novo e o senhor bateu a porta nele.
O jovem foi de encontro do senhor
idoso e argumentou que ele não podia ter feito isso, batido no seu carro, que
este deveria ser mais cuidadoso, “quem era ele”, em tom de ameaça e com muita
agressividade, fazendo menção de agredir o idoso. O senhor sem entender o
motivo de tanta agressividade, já que não houve dano nenhum aos carros, entrou
na loja e um funcionário vendo a forma de tratamento desrespeitosa com o idoso,
conversou com o jovem, pediu para ele se retirar e este
foi embora discutindo, mas a intenção do jovem era que o senhor saísse da loja
e partisse para briga. O impressionante da situação não para por ai, já que a
senhora que acompanhava o rapaz também queria agredir o senhor idoso, desconsiderando que ela também já era uma senhora de meia idade.
Depois de acalmados os ânimos,
os funcionários relataram que o senhor é aposentado, mas devido ao seu vasto
conhecimento no ramo dos transportes, fora contratado pela empresa para prestar
serviços de orientação na manutenção nos caminhões e com isso ele permanece
ativo e participativo, passando conhecimento aos motoristas jovens contratados
pela organização.
Noutra cena, uma jovem
estacionou na vaga direcionada a idosos e deficientes físicos, quando o senhor
idoso procurou estacionar, a jovem argumentou que não iria tirar o carro da
vaga e que ele procurasse outra. Várias pessoas que passavam, observavam aquela discussão e só depois de algum
tempo é que apareceu outra pessoa e ajudou o senhor a conscientizar a jovem e a
convencê-la a ceder a vaga, direcionada aos idosos e deficientes.
Acessibilidade da pessoa
idosa
Com o aumento da expectativa
de vida do brasileiro foram criadas leis que asseguram ao idoso seus direitos
sociais, que objetivam criar condições para promover sua autonomia, integração
e participação na sociedade, além de favorecer a longevidade com qualidade de
vida. Para isso foram priorizadas condições que facilitam a acessibilidade e o
atendimento prioritário à pessoa idosa.
Conforme a Lei 10.741, de 1º
de Outubro de 2003, dispõe sobre o Estatuto do Idoso,
o qual se destina a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual
ou superior a sessenta anos. Conforme o art. 2º dessa mesma Lei, o idoso goza
de todos os diretos fundamentais à pessoa humana, que inclui as oportunidades e
facilidades para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento
moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Orienta ainda o artigo 3º deste estatuto que é obrigação da
família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público garantir os
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e comunitária.
Os direitos assegurados pela Lei n.º
10.048/00 e pelo Decreto n.º 5.296/04 que a regulamentou são: Que as pessoas
idosas sejam atendidas antes de qualquer outra, em estabelecimentos públicos e
privados prestadores de serviços à população como hospitais, clínicas,
supermercados, cinemas, teatros, dentre outros. Observa-se que a lei assegura
tratamento prioritário e individualizado, nos quais as pessoas idosas podem
contar com atendimento especializado e com funcionários capacitados a trabalhar
neste atendimento (FRIAS & LUCAS, s/d).
A
Lei assegura o direito do idoso ao acesso imediato ao meio de transporte
(ônibus, avião, metrô, trem, barca, navio, etc.), e acentos com placa de reservado
preferencialmente para idosos, conforme (artigo 39, § 2º). Nos estacionamentos
é assegurado aos idosos 5% das vagas, sejam públicos ou privados e devidamente
sinalizados para facilitar a identificação (FRIAS & LUCAS, s/d).
A acessibilidade consiste na
possibilidade e condição da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida a
utilizar com segurança e autonomia, os espaços, mobiliários e equipamentos
urbanos, as edificações, os transportes e os sistemas e meios de comunicação.
Pelas ruas e avenidas
Infelizmente é comum
observarmos além dos ambientes com calçadas esburacadas, falta de rampas,
escadas sem opção de acesso, nem de comunicação que facilite o acesso. Além
destes empecilhos que dificultam a vida das pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida, observamos atitudes de desrespeito, como os exemplos dados
nas cenas observadas, nas quais se verifica pessoas que,
por insensibilidade e/ou pressa, desrespeitam o idoso na sua integridade e
ainda interferem nas poucas formas de acesso existentes que poderiam facilitar
a sua integração na sociedade.
O conhecimento do direito à
liberdade da pessoa idosa, a faculdade de ir, vir e estar em locais públicos e
espaços comunitários pode ajudar e facilitar a compreensão e o cuidado no
tratamento aos idosos. Sabendo que nenhum idoso pode ser objeto de negligência,
discriminação, violência, crueldade ou opressão, punindo na forma da lei,
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos.
O
texto demonstra caro leitor, que as dificuldades nas relações e desrespeito ao
idoso, ainda acontecem com muita frequência, não vamos muito longe para
observarmos ruas cheias de buracos, pedregulhos espalhados, ressaltos nas
calçadas e ruas, as vagas destinadas aos idosos e deficientes nos
estacionamentos, continuam por alguns, sendo desrespeitados, além de pouca
sinalização para facilitar o acesso das pessoas idosas e deficientes. O que
seria importante refletir sobre essa questão? – Responsabilizar apenas o poder
público? - ou essa questão, também faz parte da sociedade como um todo?
Graduanda em Psicologia pelas Faculdades Integradas de Cacoal-UNESC-RO. E-mail: juditedias_lima@hotmail.com
REFERÊNCIAS
CONGRESSO
NACIONAL DIREITO DO IDOSO. Estatuto do
Idoso: disponível em: http//direitodoidoso.com.br.
Câmara dos Deputados. 2003. Acesso dia 15 de Novembro de 2014.
Dificuldades de lidar com o outro nas
relações interpessoais
Deteriorando
as relações
Na
procura de uma cena do cotidiano que me chamasse à atenção e tendo dificuldade
de encontrá-la, pensando percebi que vivo em uma cena e então resolvi
descrevê-la. Trata-se de um grupo de pessoas, acadêmicos necessariamente que
tem a necessidade de estarem juntos em um mesmo ônibus todos os dias para fazer
o trajeto até a faculdade.
Há
algum tempo presenciei a discussão entre esse grupo, uma divisão feita por
aquelas pessoas, onde os sujeitos não respeitavam o espaço e as diferenças do
outro. Sem saber utilizar o bom senso, as discussões passavam a ser
corriqueiras, tudo era motivo para conflito. Penso que o fato de estarem todos
os dias juntos, deveria tornar aquele ambiente agradável, mas na maioria do tempo
o que ocorre é o contrário, pensamentos e opiniões divergentes causando
incômodo nos membros desse grupo.
Talvez
questionem o fato de eu expor isso, não se trata de uma história, trata-se uma
cena comum e que me causa curiosidade, talvez porque fiz e faço parte desse
grupo e tenho convivido com isso há 05 (cinco) anos e hoje com um maior
entendimento, compreendo a importância de se manusear corretamente as
diferenças, evitando assim acúmulos de conflitos que podem prejudicar no
relacionamento diário.
Quando
se tem a necessidade de conviver com mais de uma pessoa, geralmente estamos
sujeitos a conflitos, por mais amigos que sejamos, por mais tempo que
conheçamos aquela pessoa, quando passam a permanecerem por mais tempo juntos e
em um mesmo ambiente, as diferenças podem surgir e os conflitos vir à tona,
isso acontece, dentre outras coisas, devido à individualidade, os gostos e
preferências que cada sujeito tem como característica.
Em
outros contextos não é diferente...
Por
mais que as pessoas se identifiquem umas com as outras, as diferenças surgem em
determinados momentos e sabemos o quanto é difícil lidar com alguém que pensa,
que faz coisas diferentes dos nossos costumes e hábitos. Por mais que tentemos,
uma hora ou outra o conflito surge.
Podemos
citar como exemplos outros ambientes que surgem conflitos, como as
organizações, onde a gestão de pessoas, por mais que se trabalhem questões como
trabalho em equipe ou então como ser um líder sem menosprezar os seus
liderados, os conflitos fazem parte, sempre existem pessoas que não concordam
com algumas atitudes dos colegas de serviço, que estão sempre competindo,
tentando ser melhor que o outro e é diante disso que os desentendimentos
iniciam.
Outro
exemplo que não foge do meu convívio está no próprio grupo de faculdade, onde
as pessoas também passam um longo tempo juntas, se conhecem, conhecem os
limites do outro e ainda assim os conflitos sempre estão presentes.
Não
fugindo da realidade, as relações interpessoais mal sucedidas podem estar
presentes até mesmo no nosso convívio familiar, de modos que é comum que as ideias,
os pensamentos e o modo de ver as situações entrem em divergência entre os
membros de uma família.
Sendo
assim é possível observar que desde o momento em que você mantém um
relacionamento interpessoal com outra pessoa, você com certeza estará sujeito a
conflitos. Seja em casa com a família, no trabalho, na escola, no clube e até
mesmo na igreja, basta apenas ter que lidar com mais de um sujeito a não ser a
si próprio.
Relação
interpessoal
Para
maiores esclarecimentos, o termo “Relações Interpessoais” é a interação de duas
ou mais pessoas e está ligado intimamente com a forma como cada um percebe,
sente e age perante a outra (OLIVEIRA, 2011).
O relacionamento interpessoal está presente em
todos os momentos de uma vida, seja com a amizade, com a família, com os
colegas de trabalho, da escola, da faculdade e também de qualquer grupo de
pessoas que necessitam estar juntas todos os dias.
Atualmente
é possível perceber a dificuldade encontrada no relacionamento com o próximo e
isso acaba tornando a vida do indivíduo ainda mais difícil. Percebemos isso na
dificuldade que as pessoas sentem em colocar em prática aspectos simples como
um bom dia, um obrigado ou ainda um singelo sorriso
Segundo
Duarte (2005) no processo de convivência grupal, seja na família, escola ou
trabalho, nós mantemos relacionamentos junto a pessoas de personalidades
fortes, muitas delas difíceis de lidar, no que se refere ao processo de
interação. Conforme citado pelo autor,
podemos observar que lidar com o outro não é uma tarefa fácil e a tal pessoa,
muitas vezes, pode ser o oposto ou ainda similar à nossa personalidade e isso
pode dificultar a interação que poderia existir entre ambos.
Em
todo grupo existem pessoas que se relacionam com maior ou menor facilidade.
Sabe-se que o relacionamento interpessoal é uma das características (ou competências)
mais exigidas dos profissionais na atualidade. É também sabido, por outro lado,
o quanto lidar com pessoas pode ser difícil. Ter boas relações pessoais
significa sentir-se bem a respeito de si mesmo e se entender bem com os outros
(SILVA et al, 2003).
Relacionamento
adequado, como melhorar isso?
Para
que um bom relacionamento ocorra, necessariamente é importante ter o respeito
de ambas as partes. Vamos pensar como conquistar o respeito? A resposta aqui
parece óbvia, não é difícil de concluir que adquirimos o respeito, dando-o.
Dessa maneira é possível facilitar as relações com o outro. Claro, não é
possível tratar todos da mesma forma, para tanto é necessário tentar entender a
característica de cada um, fazendo esse esforço conseguiremos tratar o outro
melhor e assim sermos tratados de forma igualitária.
Acredite
o resultado pode ser surpreendente. Tratar bem as pessoas ao seu redor, que
fazem parte de um convívio diário, faz com que o meio se torne mais agradável e
que situações conflitantes não venham a surgir.
Seria
interessante colocar-se no lugar do outro? Entendendo-o para melhor tratá-lo?
Afinal, quem não gosta de ser tratado bem?
Toda
e qualquer interação entre pessoas não foge da eventualidade de conflitos,
sejam simples ou de maior complexidade. Não há como fugir desse fato, já que
cada pessoa é única e tem seu jeito singular de pensar e agir, que muitas
vezes, vai de encontro ao do outro. No entanto eles devem ser trabalhados para
que não promovam resultados desagradáveis ou até mesmo o rompimento da relação.
É importante ter tolerância, característica chave para estabelecer
relacionamentos saudáveis. Saber relevar situações desagradáveis e contornar
fatos indesejáveis é uma habilidade que deve ser adquirida na relação com o
outro.
O
importante é saber respeitar o espaço do outro, dar espaço para as virtudes e
defeitos alheios, sem fazer julgamentos, sem criticar a maneira como o outro
opta ser. Saber lidar, conduzir o modo de agir com a diferença do outro
facilita na duração dos relacionamentos, mantendo o vínculo afetivo sem muitos
conflitos.
Graduanda em Psicologia pelas Faculdades Integradas de Cacoal – RO. Email: Alineleticia_vitoria@hotmail.com
REFERÊNCIAS
SILVA,
D. M; NUNES, L. Z.; ARAGÃO, N. A.; JUCHEM, D. M. A importância do Relacionamento Interpessoal no contexto Organizacional,
V CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de
Administração, 2003. Disponível em: http://www.convibra.org/2008/artigos/289_0.pdf.
Natal, solidariedade e exclusão social (?)
A chegada do “espírito natalino”
Era 7:30 da manhã de um sábado de fim de ano.
As pessoas começavam a se aglomerar dentro daquele comércio de varejo
procurando enfeites natalinos para enfeitar suas casas, presentes para os
amigos próximos ou lembrancinhas de amigo-secreto para o colega da empresa que
nem ao menos conversou alguma vez na vida. E ali estava ele, o cara da cadeira
de rodas, querendo passar do corredor de utensílios domésticos. Mas ele não
conseguiu. Ficou ali por 10 minutos esperando uma brecha, mas a fila dos caixas
o impedia que movimentasse e provavelmente aquele barulho todo não deixasse com
que ele pedisse licença. Ou ele não falava. O fato é que as pessoas passavam,
olhavam e iam. Provavelmente foram os 10 minutos mais longos daquele dia na
vida dele. Ou foram apenas mais 10 minutos.
Não havia solidariedade
Encontrar-se com pessoas com alguma deficiência
se torna “natural” nos dias de hoje. Isso porque cerca de 45,6 milhões
declararam possuir alguma, segundo o Censo 2010 feito pelo IBGE. Portanto, ao menos uma
vez ao dia você irá se esbarrar com alguém assim – se você não for uma dessas
pessoas. Mas caso não aconteça, ao menos irá “sentir falta” dela quando estiver
passando por uma calçada e precisar ir pela rua porque ela acabou do nada.
Ou quando estiver vendo sua novela preferida e
durante os comerciais aparecer uma mulher gesticulando com as mãos algo que
você não sabe, pois seu filho deu um berro no quarto dele pedindo comida e não
conseguiu ler a legenda. Lembra-se daquela vaga de estacionamento que havia em
frente à farmácia e você resolveu estacionar rapidinho, mas quando voltou tinha
uma multa te esperando? Pois é.
A desigualdade mora no Polo Norte
O velhinho vestido de vermelho mal chegou aos
shoppings das cidades grandes e a criançada já está pedindo seu presente de
Natal adiantado aos pais (porque o velho nunca deu nada mesmo). Apesar disso,
há um universo totalmente estranho em que crianças não ganham presentes porque
os pais não têm condições de comprar. De fato ninguém quer estar nesse lugar.
Uma pessoa com deficiência não foi sentenciada
pela natureza, mas apesar disso, possui uma desvantagem social que é resultada
de um movimento discursivo do que é “normal”, que descreve os impedimentos
corporais como algo aversivo à vida social (Diniz, Barbosa & Dos Santos,
2009).
A desigualdade e a exclusão social são termos
amplos, estão presentes nas minorias e nos universos espalhados da nossa
cidade, do nosso mundo. Lembra-se do cara com cadeira de rodas? Ele estava
impedido de passar pelo corredor, não só porque ele não podia simplesmente se
levantar e sair andando, mas pelas pessoas que ignoraram o seu impedimento e
provocaram a experiência da desigualdade na vida dele. A opressão veio à tona,
resultado das barreiras sociais de uma sociedade não inclusiva.
A Psicologia no papel de “Mamãe Noel”
A
Psicologia nos faz compreender que a matéria prima da nossa subjetividade é
fruto da nossa vida vivida, a que nós mesmos construímos. Para Bock (2011), se
mantermos a construção de uma sociedade desigual como a nossa, seremos
cúmplices de uma subjetividade desigual, onde uns serão dominantes e outros
dominados, uns humilhados e outros subalternos. Além disso, a exclusão social
sai do nosso pequeno "universo" e é ampliada para uma dimensão
política, onde é vista como uma exclusão do campo dos direitos (FRIGOTTO,
2010).
Apesar disso, a Psicologia está longe de ser a
mamãe de todos os “excluídos”. Historicamente, ela foi sendo construída em
torno de uma filosofia do “eu”: quem sou EU? de onde EU vim? o que EU posso
fazer? Kant (1999) salienta que a Filosofia é, impreterivelmente, uma forma de
antropologia. Baseado nesse pensamento pode-se perceber que a questão sobre o
ser humano se torna central em toda reflexão filosófica.
Ana Bock, em seu texto sobre Psicologia e
Políticas Públicas, retrata essa crítica à Psicologia atual no país:
É preciso
colocar a Psicologia a serviço da sociedade; é preciso colocar a Psicologia a
serviços da construção de um mundo melhor, de condições de vida digna, de
respeito aos direitos e da construção de políticas públicas que possam oferecer
Psicologia a quem dela tiver necessidade. (BOCK, 2011, p.7)
Certamente
a exclusão social poderia ser o diagnóstico e a denúncia de um conjunto de
realidades muito amplo onde cuja base está a perda parcial ou total de direitos
econômicos, socioculturais e subjetivos (Frigotto, 2010).
Tratar
de desigualdade e exclusão social não é somente papel da Psicologia, é papel da
sociedade como um todo. Devemos conhecer para
entender e compreender para não julgar. Tornar o acesso das pessoas com
deficiência a uma política pública eficaz é uma meta da Psicologia, mas olhar
para o cara da cadeira de rodas e permitir que ele se movimente por aquele
corredor é uma tarefa de todos nós.
REFERÊNCIAS
BOCK,
Ana Mercês Bahia. 2011. Psicologia e
Políticas Públicas. Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais.
Disponível em: <http://www.crpmg.org.br/> Último acesso em: 18 nov. 2014.
DINIZ,
Debora; BARBOSA, Lívia; DOS SANTOS, Wederson Rufino. Deficiência, direitos humanos e justiça. Sur, Rev. int. direitos
human. vol.6 no.11 São Paulo Dec. 2009
FRIGOTTO,
Gaudêncio. Exclusão e/ou Desigualdade Social? Questões teóricas e político-
práticas. In: Cadernos de Educação,
set/dez. 2010.
GESSER,
Marivete; NUERNBERG, Adriano Henrique; TONELI, Maria Juracy Filgueiras Toneli.
A contribuição do modelo social da deficiência à psicologia social. In: Psicol. Soc. vol.24, no.3, Belo Horizonte.
2012.
INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2010. Disponível em:
<www.ibge.gov.br> Acesso em: 18 set. 2014.
[CENA] pOéTICa
SONHO DANÇANTE
Chegou como um sopro
Não trazia nada
Apenas a vontade de voar
Sonhava ser bailarino
Numa grande companhia de dança
Quando o pai o pegou dançando sobre a cama desarrumada
Bateu-lhe tanto que estourou o joelho do menino
Sonho mutilado dentro do seio familiar
Passou a se calar
Nenhuma música mais foi ouvida de sua boca
Talvez por isso, alçar voos parecia menos perigoso que
caminhar
Com asas abertas
Não haveria recordações da coça do pai
Com asas abertas
Talvez ele pudesse retomar o velho sonho
E dançar ao sabor do vento
Caminhando, sentia latejar todo o tempo o joelho estourado
Doía mais a morte do sonho que o joelho em si
Sonhou tanto com suas asas crescendo
Que um dia acordou no alto do morro
Vestido apenas com o velho calção azul marinho
Num frio de arrepiar
Sentou-se agarrando os joelhos
Contemplou a madrugada querendo entender como chegara ali
Lembrou-se do sonho
Das asas se abrindo
Da voz dizendo que ele deveria aprender a voar
Sonhou tanto que aprendeu
E todas as noites voava até o morro
Para ver a cidade acordar.
SAUDADE DA SOLIDÃO
(SOLIDÃO DA SAUDADE)
Os
corredores da faculdade
Tem
o mesmo cheiro dos meus treze anos de idade.
A
mesma melancolia de antes
Está
aqui, mas mais forte.
E
toda noite
Eu
me deito com a minha tristeza,
Só
minha e de mais ninguém,
Causada
por tantos ‘alguéns’.
Só
eu estou com ela,
Estamos
sozinhas juntas.
Mas
eu ficando junto a ela,
Eu
estarei sozinha.
Eu
me despedi dela a algum tempo
Só
que às vezes ela insiste em voltar
Puxa-me
pelo braço aos prantos
Mas
eu sequer olho pra ela.
Houve
um tempo que eu havia me acostumado
Eu
até gostava da presença dela
Mas
o mundo estava se tornando escuro
Eu
precisava voltar para luz.
Adeus,
Tchau,
Até
logo,
Ou
até nunca.
Espero
que eu nunca mais sinta sua falta
Espero
que nunca eu sinta saudade da sua presença
Espero
superar o que passei contigo
Espero
esperar mais de mim.
Mas
quando eu me deito,
Ainda
sinto falta daquele abraço forte.
Que
me fazia dormir em lagrimas,
E
me fazia acordar com vontade de deitar e nunca mais levantar
Psicóloga graduada pela PUC-MG. Poetisa, Missionária leiga/Voluntária na Casa da Caridade (Ruy Barbosa BA)
EXPEDIENTE
E CHAMADA DE ARTIGOS
1
Do título: [Cenas] periódico
de psicologia e psicanálise ISSN: 2176-8005
2 Linha Editorial e Conceito
do periódico:
- Com fins sociais e para público
diverso, visando discutir temas da atualidade a partir de olhares da
psicanálise e psicologia (diversas abordagens e linhas teóricas);
-
Movido por um “espírito agenciador de ricos processos de subjetivação”, de
desafio à criatividade de existir, de circulação do saber acadêmico no social;
-
Reflexão sem ‘achismos’, sem o protocolo dos artigos clássicos; simples sem ser
simplista;
- Tática: circulação em formato digital, em pdf, e armazenamento em
site, podendo ter impressões livres e solidárias desde que citadas a fonte e a autoria;
-
Perfil de autoria: discentes e professores de Psicologia e Psicólogos.
3 Instruções a autores de
artigos:
- O
Artigo deverá ter em média de 850 palavras, em temática livre, sobre/a
partir do cotidiano e seguindo a Metodologia Cenas para a sua
produção (abaixo);
-
O autor deve-se indicar sua afiliação institucional e breve currículo;
-
Fonte: arial; tamanho 11; espaço 1,5
-
Referências: ABNT e APA
4 Metodologia Cenas (observar a sequencia para a produção do
artigo):
Cena Cotidiana: Extrair
do cotidiano uma cena presenciada/vivenciada, que lhe chamou a atenção e que
pode se tornar uma questão para a Psicologia;
Cena Contemporânea: A
cena anterior deve ser “ampliada”, de forma a identificá-la em outros locais e
contextos, de forma que a perceba de forma recorrente, mesmo que variando a
forma;
Cena Pática: É a
apresentação de qual seja a “questão pática” envolvida, ou seja onde está o “x”
da questão para sujeito psi (“Pático” é oriundo de “pathos”, termo grego que significa estado de passividade, de
paixão) – portanto, é o cerne da discussão e do problema;
Aqui
deve-se evocar alguns autores importantes para contribuir para o problema, mas
de forma a facilitar para o leitor um aprofundamento posterior;
Cena Nova: É o
momento em que deve apontar as “pistas” para a resolução do problema, sem a
tentativa de resolvê-lo ou fechar a questão; é o momento de vislumbrar novos
cenários e as cenas inventivas.
5 Outras linguagens: O Cenas aceita submissão de outras
linguagens como poesia, artes visuais e plástica, crônicas, contos e outros,
desde relacionados à temática psi.
Editor Responsável:
Cleber
Lizardo de Assis
Facebook:
prof.cleberassis